Brasil começa na França". É inevitável, já que se falou de Napoleão prejuízo, não
pensar no Canto XVIII dos Cantos de Ezra Pound, onde o poeta americano cita Louis
Antoine Fauvelet de Bourrienne, escritor e diplomata francês que, na juventude,
conviveu com Napoleão, tornando-se, posteriormente, seu secretário. Bourriene
escreveu as "Memórias de Napoleão Bonaparte", de onde Pound extrai a seguinte frase (
que poderíamos ler como uma piada sinistra, considerando o estado de coisas pelo qual
Napoleão foi responsável) :
"I hate these french," said Napoleon, aged 12,
To young Bourrienne, "I will do them all the harm
that I can." (POUND, 1975, p.80)
Por outro lado, há apropriações consideradas espúrias de conceitos científicos
por parte das Ciências Humanas. Ha, porém, apropriações inadequadas (ou fora do
contexto) de conceitos científicos por parte das Ciências Humanas. Nesse sentido, quem
quiser, pode ler, por exemplo, o livro
Impostures Intellectuelles
(ed. Odile Jacob, 1997)
de Alan Sokal e Jean Bricmont. O livro surgiu apos o conhecido
affair Sokal
( Alan
Sokal, professor de Fisica da New York University, submeteu à
Social Text
, respeitada
revista americana de estudos culturais, que concentra as tendências da
New Left
-
desconstrucionismo, análise do discurso, psicanálise, etc- um artigo-pegadinha sob o
titulo
"Transgressing the boundaries: Towards a transformative hermeneutics of
quantum gravity
". Pelo título já se vê que se trata, obviamente, de uma caricatura do
método desconstrucionista, na medida em que Sokal se propõe a nada menos do que
modificar conceitos científicos que descrevem fatos científicos (se não observáveis-
como, segundo Wolfgang Smith, "objetos corporais", pelo menos identificáveis em
laboratório como "objetos físicos") lançando mão de uma espécie de abracadabra
verbal.
Separei uma citação de Derrida, principal figura do desconstrucionismo, que
aparece no artigo de Sokal e que recebeu um comentário conciso e divertido do físico
Steven Weinberg no New York Review of Books de agosto de 1996:
The einsteinian constant is not a constant, is not a center. It is the very
concept of variability -- it is, finally, the concept of the game. In other
words, it is not the concept of something -- of a center starting from
which an observer could master the field -- but the very concept of the
game ...
1...,152,153,154,155,156,157,158,159,160,161 163,164,165,166,167,168,169,170,171,172,...445