sistema ptolomaico (as nove esferas se movendo dentro do Empíreo católico) e pela
filosofia escolástica, a “máquina do Mundo” de Haroldo de Campos é composta pela
cosmofísica moderna (a teoria do big bang), pela cabala hebraica e pela Filosofia da
Ciência.
Ciência e Religião. Primeiro: não há, para alguns dos maiores estudiosos atuais
do tema, oposição radical entre as duas coisas. No livro
Catholicism and Science
, Peter
Hess e Paul Allen afirmam que “it was as faithful Catholics that Copernicus and Galileo
launched their critiques of the received Aristotelian-Ptolemaic astronomy”. (HESS, P;
ALLEN, P., 2008, p.3) ( Foi como crentes católicos que Copérnico e Galileu dirigiram
suas críticas ao sistema astronômico aristotélico-ptolomaico, trad. nossa). Além disso, o
estímulo para o exame científico da natureza, é de inspiração inegavelmente bíblica: é
pela Bíblia que ficamos sabendo que o mundo foi criado de forma racional e que, por
isso, pode ser racionalmente compreendido; que o mundo, em sua origem, é algo bom e
vale a pena ser examinado. Alem disso, a distinção entre Criador ( Deus) e criatura
(mundo), é de fundamental importância, pois operou a dessacralização da Natureza,
abrindo o caminho para a perquirição científica. É, mais ou menos, o que disseram Peter
Hodgson e Alistair Crombie, o primeiro em
Theology and modern Physics
e o segundo
em
Art and Nature in Medieval and Modern Thought.
Diz Peter Hodgson:
In contrast to the confused creation myths of the surrounding nations,
the creation story in Genesis has a clear logical structure, expressed in
poetic form. It clearly expresses belief in the absolute sovereignty,
rationality and benevolence of God, who brings everything into being
by His command and communicates His own goodness to them.
Although not expressed in modern language, it contains the essential
beliefs about the world that must be held if science is to flourish
.
(HODGSON, 2005, p. 22)
E Crombie afirma:
God did not act as Aristotle had maintained as an essentially passive
first cause co-eternal with the world emanating by necessity from
divine reason, that God did not make the world out of pre-existing
matter as Plato proposed in the Timaeus, that God was neither
material nor in the world as supposed by the Stoics, and that God is in
no way necessitated, but that he had acted with entirely free
omnipotence in creating ex nihilo a world separate from himself.
(Crombie, 1994, p. 294)
1...,157,158,159,160,161,162,163,164,165,166 168,169,170,171,172,173,174,175,176,177,...445