espécie de base ontológica para o diálogo fundamental entre as áreas do conhecimento
humano, divididas, convencionalmente, em Humanas e Exatas. Para tanto, recorro ao
pai fundador tanto da critica literária quanto da lógica ( e inúmeras outras ciências):
Aristóteles. No prefácio de seu livro
Aristóteles em nova perspectiva: introdução à
teoria dos quatro discursos,
Olavo de Carvalho afirma: “Meu problema, o único que no
caso vinha ao caso, era saber se existe ou não uma unidade dos quatro discursos na
lógica de Aristóteles e se dela podemos aproveitar alguma coisa para a nossa busca atual
de um saber interdisciplinar. (CARVALHO, 1996, p.16)
Após explicar um por um cada discurso, afirma o filósofo:
Para Aristóteles, o conhecimento começa pelos dados dos sentidos.
Estes são transferidos à memória, imaginação ou fantasia (
palavra
grega
), que os agrupa em imagens (
palavra grega
, eikoi, em latim
species [aspecto exterior, forma, visao], speciei), segundo suas
semelhanças. É sobre estas imagens retidas e organizadas na fantasia,
e não diretamente sobre os dados dos sentidos, que a inteligência
exerce a triagem e reorganização com base nas quais criará os
esquemas eidéticos, ou conceitos abstratos das espécies, com os quais
poderá enfim construir os juízos e raciocínios. Dos sentidos ao
raciocínio abstrato, há uma dupla ponte a ser atravessada: a fantasia e
a chamada simples apreensão, que capta as noções isoladas. Não
existe salto: sem a intermediação da fantasia e da simples apreensão,
não se chega ao estrato superior da racionalidade científica. Há uma
perfeita homologia estrutural entre esta descrição aristotélica do
processo cognitivo e a Teoria dos Quatro Discursos. Não poderia
mesmo ser de outro modo: se o indivíduo humano não chega ao
conhecimento racional sem passar pela fantasia e pela simples
apreensão, como poderia a coletividade — seja a polis ou o círculo
menor dos estudiosos — chegar à certeza científica sem o concurso
preliminar e sucessivo da imaginação poética, da vontade
organizadora que se expressa na retórica e da triagem dialética
empreendida pela discussão filosófica? (CARVALHO, 1996, p.48-
49)
Essa é também a opinião de Gregor Schoeler:
Dass die Rhetorik und die Poetik des Aristoteles als Teil seiner
logischen Schriften, des Organon, galten und als dessen zwei letzte
Bücher angesehen wurden, ist keine Eigenart der syrisch-arabischen
Tradition.Seit langem weiß man, dass bereits die neuplatonischen
Aristóteles kommentatoren von Alexandrien diese Schriften in der
Tradition vereinigt fanden und über ihren systematischen
Zusammenhang nachdachten und debattierten (...) Schon Otto
Immisch hat darauf aufmerksam gemacht, dass die Zuordnung von
Rhetorik und Poetik zu den logischen Schriften des Aristoteles „im
System eine wohlüberlegte gewesen ist“ und auf einer Äußerung des
1...,154,155,156,157,158,159,160,161,162,163 165,166,167,168,169,170,171,172,173,174,...445