I Anais do Simpósio de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - SILALP - page 63

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não conseguem controlar o dinamismo que possuem, por isso esta força que os move é desgastada e
tudo volta para o ponto de onde começaram, sem nada, sozinhos e fracassados:
Mas o dínamo não pode existir indefinidamente. Mais do que uma
esperança, sua destruição é uma possibilidade concreta e próxima. Seu
mecanismo sujeita-se ao desgaste e ao esgotamento, suas possibilidades
de gerar transformação têm um limite. As peças que o compõem não são
totalmente harmônicas, no seu corpo acham-se instaladas contradições
que podem a qualquer instante emperrá-lo e tirar-lhe o governo do mundo.
(LAFETÁ, 2004, p. 89)
Isto explica um pouco essa inadaptabilidade de João Xilim para com seu espaço, como é um
homem rústico, cheio de ambições, num ambiente áspero e violentado, todas as suas relações
acabam se dissolvendo, visto que por mais firme que em determinados momentos possam
transparecer, como, por exemplo, no seu intenso romance com a personagem Luísa, os nós desta e
outras relações são desfeitos facilmente porque ele é incapaz de enxergar no outro aquilo que junto
a ele formaria uma unidade, um só corpo e um só ser. É aquilo que João Luís Lafetádefini como
“fenômeno da reificação”, isto é, este evento caracteriza-se pela visão do outro simplesmente como
uma relação quantitativa, descartável, coisificando seus atos e objetos de afetos. João Xilim até
envolve-se sentimentalmente com Luísa, mas o meio vence a união do casal.
João Xilim tinha em suas mãos tudo para conseguir alcançar o que o seu destino propunha,
mas o estraga, já que aquilo que está predestinado não se desprenderá de sua trajetória: o fracasso.
A respeito disso, Aristóteles diz que uma tragédia é a imitação de uma ação acabada e inteira,
lembrando que estamos tratando deste elemento dentro de um romance com traços e diálogos com a
tradição literária, não com uma tragédia do estilo grego propriamente dito; por isso que muito do
que está para acontecer com a personagem principal do romance já está premeditado nas ações da
protagonista.
Para dar mais convicção a esta premissa, em dos capítulos finais do romance, o capítulo 27,
após ter vivido a grande tragédia de sua vida, ainda resta a última delas e, dessa, sofre
profundamente: numa noite, após voltar do trabalho, flagra a sua esposa Luísa supostamente nos
braços de outro homem, o dono da Gamboa. Então, sem medir as consequências, Xilim envolve-se
numa luta contra o branco pervertido, batendo nele até onde as suas forças pudessem aguentar, tanto
que pensou que havia matado o oponente ao fim, consequentemente, muito fragilizado e devastado
por mais uma derrota, decide entregar-se numa delegacia de polícia, e lá, um novo chefe, na
tentação de prendê-lo o quanto antes, pois seria o seu primeiro caso, o trata desrespeitosamente. Ao
perceber que não conseguiria concluir a sua tarefa satisfatoriamente, liberta João Xilim. Então, à
noitinha, ao retornar a sua casa, à espera de sua namorada, o chefe da delegacia lhe conta o caso,
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