I Anais do Simpósio de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - SILALP - page 68

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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTO
DISCURSO SOBRE O FULGOR DA LÍNGUA, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA.
Daniela de Oliveira Lima (Mestranda - UNESP/Assis)
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RESUMO: Em seu livro de contos Manual Prático de levitação (2005), o escritor angolano José
Eduardo Agualusa (1960) reúne histórias que nos chamam a atenção pelas relações estabelecidas,
principalmente no diálogo com África, Brasil e Portugal. Dividido em três partes, Angola, Brasil e
Outros lugares da Errância, o autor mantém no livro seu forte elo com distintos países. Para essa
comunicação o enfoque será no conto
Discurso sobre ofulgor da língua
, demonstrando alguns
aspectos interessantes, como a diferença de sotaque da língua portuguesa de um país para outro, e
como as personagens se relacionam com a mesma. Esse conto foi escolhido por trabalhar com a
língua portuguesa, relacionando três personagens: o narrador, um angolano, o velho Firmino, um
brasileiro, e o terceiro, um português. No diálogo entre eles fica clara a maneira como a mesma
língua que une causa dificuldades na compreensão das diferentes pronúncias.
Palavras-chave: Literatura angolana; Agualusa; Conto.
1. Introdução
José Eduardo Agualusa (1960), escritor angolano, é autor de romances como
Nação Crioula (1997), O Vendedor de Passados (2004), Barroco Tropical (2009) e também
de contos em Manual Prático de Levitação (2005). Este último aborda diferentes temáticas,
como no conto Eles não são como nós, em que mostra uma angolana, Dona Filipinha que
precisa dar suas jóias para manter-se viva em meio à guerra que lhe bate à porta, ou um
assunto do cotidiano, em O assalto, no qual a protagonista, uma médica, ao parar o carro no
sinal vermelho sofre uma tentativa de assalto por três rapazes e passa por uma situação que
termina de maneira surpreendente, na qual os assaltantes, após algum tempo circulando
com a vítima em seu veículo, acabam por ir embora sem levar nada.
Agualusa mantém, além de Angola, estreita relação com Portugal e também com o
Brasil, por isso, em suas obras nota-se um forte laço com os países aos quais está mais
ligado. Esse fato chama a atenção quando deparamos com o conto escolhido para esta
comunicação, Discurso sobre o fulgor da língua, justamente por encontrarmos ali três
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