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os rumos do café, pois o empreendimento ferroviário tinha como objetivo atender a
demanda da produção cafeeira; em segundo, seria na virada do século XIX para o XX,
quando as companhias ferroviárias começaram a planejar as suas rotas de expansão
em meio às terras inexploradas tanto, pela agricultura quanto pelo seu povoamento
(CAMPOS, 2011, p. 60). Ainda sob essa questão da ausência ou não de planos para a
expansão da rede ferroviária, podemos lembrar Eduardo Oliveira (2011) que pontua o
desenvolvimento ferroviário paulista ser resultado das ações da elite cafeeira bem
como da ação do Estado, para a implantação e expansão das áreas produtoras além
do povoamento do oeste paulista (OLIVEIRA, 2011, p. 87).
O desenvolvimento da malha ferroviária paulista também pode ser pensado
sob a ótica política. Neste caso podemos lembrar os trabalhos de Queiroz (1997) e de
Bernardini (2011). Paulo Cimó Queiroz aborda a construção da ferrovia Noroeste do
Brasil ligada à ideia de integração nacional, além de destacar o que ele denomina de
“preocupações estratégicas” com os países vizinhos, principalmente após a guerra
entre Brasil e Paraguai (QUEIROZ, 1997, p. 62-97). Aqui temos um exemplo da
existência de planos, a preocupação com o traçado dos trilhos ferroviários para
integração dos territórios e uso militar, assim como ressalta que o papel da ferrovia
não estava atrelado somente ao escoamento da produção cafeeira. Já Sidney
Bernardini (2011)
vem mostrar que as relações entre a elite cafeeira paulista, o Estado
e a expansão das linhas férreas não se dava em absoluta concordância. O autor
destaca o papel do Estado como gestor e planejador da expansão ferroviária paulista.
No exercício destas ações, o autor vem mostrar a ferrovia nas discussões políticas, e
as ações do Estado para colocar em prática seus planos e ligações que julgava
necessário para seu melhor funcionamento. Segundo o autor, o Estado não mediu
esforços, intervindo diretamente na construção, encampação, desapropriação bem
como arredamento de algumas estradas, o que muitas vezes entrava em conflito com
os interesses dos empresários, que queriam os trilhos para atender as suas demandas
(BERNARDINI, 2011,
p. 33).
A relação entre ferrovia e cidade está em voga nas discussões recentes da
historiografia ferroviária. A partir das novas abordagens, temos o papel da ferrovia não
somente no desenvolvimento de cidades no oeste paulista. As novas discussões sobre
o tema destacam o papel das companhias ferroviárias como agentes sociais, tanto na
formação de novos centros urbanos, ou seja, a ferrovia como núcleo formador de
cidades (GHIRARDELLO, 2002), além do seu papel na colonização das novas terras
no oeste paulista, como no trabalho de Cristina Campos (2011). A chegada da ferrovia