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Ao final (p 160) do capítulo (p151-164) há uma entrevista da cientista social
francesa Juliette Minus concedida à Betty Milan (Folha de São Paulo, 6 jan. 2002,
Caderno Mais!) sobre a situação da mulher nos países islâmicos.
A pluralidade de fontes nos livros didáticos se intensifica nas duas últimas
décadas. Os “
boxes
” com textos de outros autores tem se tornado cada vez mais
frequentes e importantes nos últimos livros didáticos.
O cuidado com o que é publicado também aumentou. As editoras assimilaram
a crítica de décadas passadas e qualificaram suas fileiras incorporando acadêmicos e
especialistas de todas as áreas. O próprio Cotrim em entrevista à Kazumi Munakata
enfatiza o trabalho de pesquisa e revisão constante dos livros didáticos, o que nas
palavras dele representou um incremento da qualidade dos livros didáticos nacionais:
Eu tenho sentido uma preocupação constante dos autores, dos
profissionais envolvidos no processo de produção, com este objeto
que a gente está falando aqui, que é o livro didático. Essa
preocupação nasce de várias vertentes: uma delas acho que foi a
crítica ao livro didático, a crítica universitária ao livro didático e a
crítica da imprensa ao livro didático. Na década de 70, 80, isso foi
intenso. Permanece ainda de forma esparsa nos dia de hoje. Essa
crítica produziu um resultado dentro das editoras, dos departamentos
editoriais das editoras. Isso se revela num maior cuidado, um cuidado
realmente grande com o produto, pelo menos nas editoras que eu
conheço – cuidados que se refletem em aspectos como a tipografia, a
cartografia, a revisão. O zelo que o autor e a editora observam nas
leituras críticas, que consistem nesse processo de parecer que os
professores dão sobre o livro. Eu diria que..., eu compro muito livro
didático espanhol, argentino, francês. E eu digo com conhecimento
de causa que o nosso livro didático, hoje, é tão bom quanto o livro
espanhol, tão bom quanto o melhor livro argentino, o melhor livro
francês. Nós não atingimos ainda de uma forma generalizada uma
qualidade tão grande no papel. Nós não fazemos impressão no papel
couchê. Talvez não tenhamos ainda uma qualidade de produção
gráfica tão boa quanto a do livro francês ou do livro espanhol. Mas do
ponto de vista de metodologia, de linguagem, de adequação
curricular, de variedade de produção, nós temos um livro didático tão
bom quanto o livro de primeiro mundo.
Além disso, eu tenho sentido um grau de profissionalização muito
grande da equipe que lida com livro didático. Eu diria que hoje nós
estamos constituindo um setor profissional de pessoas especializadas
com a produção do material didático. Pessoas tarimbadas, que estão
voltadas para as formas de aprendizado, que lêem, que acompanham
a produção pedagógica das diversas áreas. Por exemplo, o que se
fez aí no campo da alfabetização é uma verdadeira revolução. E eu
sinto que o pessoal que trabalha com alfabetização nas editoras são
pessoas extremamente especializadas, que lêem tudo que está
rolando, fazem cursos de treinamentos sobre Emília Ferreiro, sobre
Piaget. Da mesma maneira, no campo da História: por exemplo, a
minha subeditora faz mestrado na USP, em campos relacionados
com a produção historiográfica. Então, as editoras procuraram se
cercar de profissionais com competência técnica acadêmica para
trazer subsídios ao autor e tudo mais. Por exemplo, a iconografia dos
meus livros: é feita por um profissional altamente qualificado. Está