A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 110

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os homens buscam naturalmente. Agir de modo completamente
opposto aos meios propostos por todos os sábios e philosophos,
ensinar como virtude o que não passa de loucura no parecer dos
doutos, e fazê-lo aceitar pelas multidões, despeito de três séculos de
perseguição horrenda, isso sim, era próprio de um Deus”. (FTD,
19119 apud BERTOLINI, 2011, p 119)
Na virada do século XXI a liberdade religiosa e o respeito aos diversos credos
são imperativos defendidos pela ONU e assimilados pelo Brasil. Assim está expresso
na Constituição Federal promulgada em 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1996. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) firmam essa nova
posição para o ensino e sua repercussão pode ser notada na versão mais recente de
Gilberto Cotrim, na qual o autor corrige os equívocos da versão de 1994:
A religião islâmica prega a submissão plena do ser humano aos
preceitos de Alá, o Deus único, criador do Universo. A palavra Alá
significa, em árabe, Deus. É formada pelo artigo definido al e pelo
substantivo ilah, que significa Deus.
A submissão a Deus é chamada de islão ou islã (do árabe islam,
“submissão”). E aquele que tem fé em Deus é muçulmano (do árabe
muslim, que significa “aquele que se submete a Deus”) (COTRIM,
2010, p. 154).
A nova versão é bastante precisa e cuidadosa. Na versão de 1994, Cotrim não
apresenta no final do livro suas referências bibliográficas, mas o faz no meio do livro.
Dois autores são citados: Robert Mantran e Desmond Stewart. Mantran foi um
historiador francês especialista em História turca. Publicou
L’expansion musulmane
em 1969 e seus outros livros tratam da Turquia, do Império Otomano e de Istambul. Já
Stewart foi um jornalista britânico que viveu muitos anos no Cairo e escreveu livros
sobre a cultura egípcia e sobre o Islã, além de romances.
Já na versão de 2010, há uma lista final de referências bibliográficas onde
figura Mantran, mas não Stewart. Uma nova autora que trata do Islã é incorporada,
Neuza Neif Nabhan
Islamismo: de Maomé a nossos dias
(São Paulo, Ática, 1996),
além dela podemos acrescentar a obra de Fernand Braudel (2004) ‘
Gramática das
Civilizações’
que contém um grande capítulo sobre a civilização islâmica. Durante o
capítulo é citada um versão do Alcorão traduzida por Mansour Chalita (Rio de Janeiro,
s/d) e um artigo de Safa Abou Chahla Jubran intitulado
“Fontes do Islamismo”
(Revista
da Folha, São Paulo, 23 de setembro, 2001, p 10).
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Sem autor ou editor identificado. Vale destacar que na época a hoje editora FTD, era apenas
uma coleção produzida por padres maristas para ser utilizada em seus colégios. Não tivemos
acesso ao original, fazemos menção aqui às partes transcritas por Bertolini (2011).
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