A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 106

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Bíblia (45%). *(resposta estimulada onde o leitor podia escolher mais de uma opção).
Poucos são os leitores do gênero História, política e ciências sociais (8º lugar, 23%), o
que reveste de importância as leituras realizadas nesta área durante a idade escolar
onde predominam os didáticos. Mas devemos atentar para o fato de que a pesquisa
também toma como “didáticos” livros dedicados ao ensino superior. Portanto, os livros
didáticos de história representam uma fração deste percentual. Além disso, a pesquisa
mostra que a leitura é um hábito atrelado aos estudos regulares (estar matriculado em
algum curso) e que os brasileiros preferem nas horas vagas as seguintes atividades:
Assistir TV (77%), ouvir música (53%), descansar (50%), ouvir rádio (39%), ler (35%).
E uma conclusão fundamental é que, quanto mais alta a escolaridade e renda, maior é
o índice de leitura, ao passo que também se tem acesso mais amplo, rápido e
facilitado à meios de informação e entretenimento diversificados.
O Islã nos livros didáticos
Em meio a todas estas considerações acerca dos livros didáticos, devemos
tomá-los ao mesmo tempo como fonte e objeto de estudo, não podemos esquecer que
faz parte de sua natureza o caráter instrutivo e formador, veículo de uma transmissão
cultural institucionalizada e instrumentalizada atrelada aos valores de sua época.
Desse modo, são testemunhas de um tempo desdobrado em três dimensões, pois
também espelham não só suas épocas, mas como esta lida com o passado e projeta
o futuro.
Diante disso passamos a análise dos textos. Com relação à história do Islã nos
didáticos, João Bertolini (2011) demonstra em sua dissertação* que o Islã passa a
fazer parte da matriz curricular de história devido a influência dos manuais de
História
Universal
franceses que circulavam no Brasil no século XIX, desse modo, o Islã é
apresentado, assim como a História Universal, na perspectiva francesa. Na medida em
que os livros passam a ser produzidos no Brasil, essa perspectiva não se altera,
predomina a influência francesa – tão latente no sistema educacional brasileiro - com
relação à história do Islã, embebida do que Edward Said (2003) chamou
“orientalismo”
6
Ana Gomes de Souza (2005) em sua dissertação, produzida no Departamento
de Letras Orientais da FFLCH – USP, demonstra o quão equivocados estão a maioria
dos livros didáticos com relação ao Islã. Baseando-se numa análise comparativa com
as Fontes Islâmicas oficiais (o Corão, a Suna, o Consenso e a Medida), ela aponta
6
Said resume o Orientalismo como uma forma de pensamento baseado numa distinção
ontológica entre Oriente e Ocidente.
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