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textos) por autores,
editados
(os livros) por editores,
avaliados
por bancas de analistas
(professores universitários) à serviço do Ministério da Educação,
escolhidos
por
professores,
usados
por alunos e
bancados
pelo governo federal. Isso posto,
configura-se um circuito de comunicação complexo que leva informações,
conhecimento, visões de mundo, representações do autor aos alunos, mas que
comporta um série de modificações nas mensagens transmitidas. A começar pelo fato
de que o autor-escritor não escreve simplesmente o que quer, tem de seguir as
recomendações dos editais e pareceres do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), pois este programa garante a vida das editoras brasileiras. Mais da metade
dos lucros da produção de livros no Brasil provém das compras do governo federal.
Todos esses elementos externos que balizam a produção dos livros interferem
no que
é dito
nos textos didáticos. Nas últimas décadas o livro didático brasileiro tem
de estar alinhado aos Parâmetros Curriculares Nacionais, ou seja, há uma base
comum que estará presente em todos os livros, uma série de tópicos, temas e
posições que darão um tom homogeneizante aos livros. A partir destas diretrizes os
autores podem criar seus textos que serão a base de um livro didático, base porque
sofrerão uma série de interferências que alteram a forma como a mensagem será
apresentada após a impressão do livro. A partir da impressão do livro, o produto está
pronto para ser distribuído, será avaliado e posteriormente escolhido por professores
que o usarão da forma que acharem melhor com seus alunos que, por conseguinte,
exercerão relações diversas com o livro.
A complexidade desse circuito de comunicação do livro didático no Brasil deve
ser enfatizada para deixar claro que os mesmos não se prestam à uma “doutrinação
ideológica” ou “lavagem cerebral” de mão única como ocorrida em outras épocas e
lugares. Esse circuito se caracteriza pela multiplicidade de atores e por certa liberdade
que cada um desses autores tem para alterar a mensagem que recebe ao assimila-la
ou retransmiti-la.
A leitura no Brasil
Dados da Pesquisa “Retratos da Leitura do Brasil” realizada em 2007 vão nos
ajudar. A pesquisa aponta que a população leitora autodeclarada (que declarou
entrevista ter lido algum livro nos últimos três meses) no país é de 55%, ou seja, 95,6
milhões de brasileiros. Dentre esse universo de leitores, declararam estar lendo:
revistas (52%), livros (50%), jornais (48%), textos indicados pela escola (34%) e textos
escolares (30%) entre as respostas mais frequentes. A pesquisa revela também que
“livro didático” é o segundo gênero mais lido no país (34%) ficando atrás apenas da