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Ao pensar na ampliação das estruturas ferroviárias, como as oficinas e
armazéns, Fábio Alexandre dos Santos (2002) nos mostra algumas peculiaridades da
influência dessas estruturas. Dentre elas aponta que as cidades que foram portadoras
desse tipo de estrutura, em muito ajudou em seu desenvolvimento industrial
(SANTOS, 2002, p. 83).
16
Junto a esse debate, ao tratar especificamente sobre a cidade de Rio Claro, a
autora Liliana Bueno dos Reis Garcia, ainda pontua que as oficinas da Companhia
Paulista de Estrada de Ferro na cidade de Rio Claro, não levaram ao surgimento de
indústrias, pois já havia um contingente industrial (GARCIA, 1993, p. 29). Entretanto,
as oficinas acabaram demandando da cidade mão de obra e bens de consumo para
atender os ferroviários. A essa questão de ampliação das estruturas ferroviárias em
relação ao desenvolvimento industrial na cidade, a autora traça algumas
considerações, principalmente no que condiz as oficinas:
As oficinas constituíram em um importante acessório para as
ferrovias. Elas aglutinaram uma série de atividades relacionadas à
montagem, reparo, manutenção e até mesmo à produção de
inúmeros componentes para as locomotivas, carros e vagões,
demandados pela ferrovia. Além do mais, atuaram como difusoras do
trabalho industrial na ferrovia, exigindo a formação de uma mão-de-
obra específica e especializada e influindo significativamente no
processo de valorização do trabalho ferroviário (GARCIA, 1993, p.
18).
O
Correio de Botucatu
traz ainda no mês de Março, uma notícia que fora
redigida no
Diário de São Paulo
, onde este traz a notícia sobre os investimentos da
Sorocabana na cidade de Botucatu. Primeiramente, o
Diário
parabeniza a então
Diretor da Estrada de Ferro Sorocabana, o Dr. Gaspar Ricardo pela iniciativa destes
investimentos:
[
...] Manifestamos, nessa oportunidade, as nossas felicitações ao Dr.
Gaspar Ricardo, diretor da Estrada, pela acertada deliberação,
encarecendo o benefício que tal medida venha trazer para Botucatu,
consolidando o seu vertiginoso progresso (SOROCABANA, 1929, p.
1).
No que se refere a esta reportagem cidade, importante destacar que além de
trazer informações sobre o início das obras da companhia ferroviária na cidade,
16
Sobre o papel da ferrovia na industrialização da cidade, conferir a leitura de Oswaldo Truzzi
(1986) data diferente da referência, onde o autor discute o que ele chama de
caráter
industrializante
da ferrovia: já que a companhia ferroviária, ao necessitar de estruturas
industriais, como serralherias, forjarias e a própria oficina, acaba por gerar um início de
industrialização na cidade.