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como a ampliação da estação e de suas estruturas tem como ideal de modernidade a
dinâmica que, segundo tais jornais, proporciona para o comércio e para as indústrias
de Botucatu. Dinâmica do comércio, velocidade no transporte de mercadorias e a
pacificidade são ideais de modernidade que o periódico deixa inscrito em seus
discursos.
Como interação política entre ferrovia e a cidade de Botucatu podemos
destacar a greve dos ferroviários de 1934, que traz consequências à cidade, mais
precisamente aos ferroviários residentes em Botucatu. Uma disputa política, que
segundo o jornal
Correio de Botucatu
, os ferroviários organizados sob o Sindicato
fizeram ouvir suas reclamações a partir do movimento grevista, principalmente devido
o corte de diálogo entre o Sindicato e a direção da companhia, dirigida por Gaspar
Ricardo Junior, que por sua vez, não era convincente com o Sindicato.
Como interação cultural, podemos pensar na questão da própria modernidade
que a ferrovia representava para a cidade de Botucatu. Representação essa que
ganhava o público por meio dos periódicos da cidade, bem como pelas próprias
estruturas da ferrovia.
As estruturas da companhia ferroviária já representavam como já vimos um
ideal de modernidade a partir da imagem da tecnologia a vapor da locomotiva e da
grandeza de suas instalações. Como nos mostra Fransérgio Follis (2003), no interior, a
ferrovia é importantíssimo nesse processo de modernização: primeiro que o
desenvolvimento econômico ganha outra dinâmica com a ferrovia, o que favorece a
incorporação de ideais de progresso e modernidade em voga nos principais centros
urbanos do país, como Rio de Janeiro e São Paulo; e segundo que ferrovia também é
importante para a modernização já que possibilita a chegada de materiais,
equipamentos bem como operários e funcionários no que se refere a arquitetura e no
paisagismo da cidade, assim como possibilita que a cidade entre em contato com
centros mais avançados e desenvolvidos, “criando condições favoráveis à
padronização da cidade nos moldes já institucionalizados em outros centros urbanos”
(FOLLIS, 2003, p. 37).
A arquitetura do prédio da estação legitima na cidade esse momento de
modernização da cidade: além do ajardinamento das praças públicas e do calçamento
das ruas, o prédio da estação também é agente dessa modernização. E se pensarmos
a modernidade como uma representação cultural, como uma expressão de um
determinado momento, então podemos pensar a representação da ferrovia como
moderna - a partir das concepções distintas dos jornais abordados - como forma de
interação entre companhia e a cidade de Botucatu. Ou seja, a ferrovia como agente
modernizador da urbe: além de proporcionar o desenvolvimento econômico da cidade,