127
interação econômica, já que trata de um serviço com o viés de dinamizar a economia
da cidade; em segundo, podemos refletir sobre a troca do meio de transporte que
causa essa dinamização da economia e do comércio da cidade. O que era antes
realizado unicamente pelo transporte ferroviário, passa a dividir com o automóvel,
mais precisamente o caminhão. Ou seja, o que antes era o ícone sublime de
modernidade devido à segurança no escoamento da produção, de rapidez, em sua
função de dinamizar a economia, de encurtar distâncias (MARTINS, Ana Maria, 2008,
p. 165), é quebrado, sendo repassado agora para outro fruto do desenvolvimento do
homem, o automóvel.
No que se refere ao
Jornal de Notícias
e sua ênfase nos benefícios que o novo
serviço da Estrada de Ferro Sorocabana proporcionava a cidade de Botucatu,
podemos refletir sobre a sua concepção de modernidade. Por fazer constantes
alusões a dinâmica provocada ao comércio da cidade, podemos pensar que para o
Jornal de Notícias
, assim como o seu sucessor
Folha de Botucatu
, a sua visão de
modernidade está implícita na tríplice velocidade, dinâmica do comércio e pacificidade.
Esta última podemos retomar a defesa da ação da polícia no que se refere à greve de
1934 na cidade de Botucatu, para manter a ordem e o funcionamento do que era a
base da movimentação econômica.
17
Em relação as outras duas, podemos pensar em
uma afinidade mútua, pois, para o
Jornal
e
Folha
a modernidade esta referente à
dinâmica do comércio da cidade derivado da velocidade proporcionada agora não
somente pela ferrovia, mas pelo serviço rodoviário da Sorocabana.
Essa quebra de monopólio em relação à ferrovia para o automóvel é devido
principalmente, como destaca Fábio Pallotta, principalmente a sedução pela
velocidade (PALLOTTA, 2008, p. 99). Entretanto, como afirma o autor e como
podemos notar na matéria exposta pelo
Correio de Botucatu
, mesmo com o
reconhecimento de alguns benefícios do transporte rodoviário e do automóvel, era a
ferrovia que efetivamente transportava entre as cidades mercadorias e pessoas
(PALLOTTA, 2008, p. 98).
1.3 Arquitetura e progresso
17
Trata-se de uma greve dos ferroviários que ocorreu em Janeiro de 1934, que atingiu não
somente a Estrada de Ferro Sorocabana como demais companhias férreas de São Paulo. No
caso da Sorocabana, era devido a falta de comunicação entre os ferroviários e a diretoria da
companhia férrea. Como não abordamos este fato no presente artigo, vale destacar que o
Correio de Botucatu
fez uma grande cobertura da greve, ficando ao lado dos interesses dos
ferroviários, devido também a sua proximidade com os ideais socialistas. Diferente de
Jornal de
Notícias
que defendia em seus discursos a presença da polícia para a manutenção da ordem
na companhia e de seu funcionamento.