Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 261

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do pensamento inglês e alemão – como parâmetro para a criação de um processo
civilizatório universal.
As ideias cientificistas, vindas da França, consolidam a ruptura da colônia com a
metrópole e promovem o reordenamento de uma sociedade que procura sustentar uma
posição autônoma diante do “mundo civilizado”. Ao se distanciar dos ideais de cultura de
Portugal, desenvolvendo uma substituição dos ideais românticos por um “campo intelectual”
centrado na ciência e no materialismo, os pensadores do século XIX redimensionam o papel
do Brasil perante o mundo. Na opinião de Afrânio Coutinho:
Em 1880, o Romantismo, ou a “escola subjetiva”, estava morto. Começava-
se uma nova era, dominada pelo espírito filosófico, científico, de cunho
materialista, naturalista, determinista. Por sua vez, o Brasil entrara num
momento de grandes transformações sociais e econômicas. Era a própria
estrutura da sociedade brasileira que mudara, dando início à
industrialização, por sobre a tradicional composição agrária, latifundiária,
aristocrática. (COUTINHO, 1969, p. 20).
A estrutura da sociedade brasileira sofre transformações ao propiciar a ascensão da
burguesia ao poder, substituindo o modelo agrário-feudal, como centro de concentração
política representada pelos senhores de engenho, por um modelo cuja importância das
camadas urbanas é representado, posteriormente, pela figura do senhor do café.
Seguindo as mudanças da sociedade brasileira, os intelectuais acreditavam na
noção do aperfeiçoamento indefinido do indivíduo, conforme os ideais do evolucionismo,
libertando o homem do determinismo teológico e inserindo-o no materialismo. Nesse
contexto, a literatura passou a ter como nota dominante a filosofia, o cientificismo ou as
chamadas características realistas e naturalistas.
José Veríssimo, em sua
História da Literatura Brasileira
, dedica um capítulo ao
chamado
Modernismo
.
Para o crítico paraense as “novas ideias” teriam sido marcadas por
fatos de “[...] ordem política e social e ainda de ordem geral, (que) determinaram-lhe ou
facilitaram-lhe a manifestação aqui.” (VERÍSSIMO, 1916, p. 314). Entre esses fatos podem-
se citar a Guerra do Paraguai, as discussões entre uma visão religiosa ou laica do ensino, a
guerra franco-alemã, a revolução espanhola, a proclamação da República na França (1870)
– que geraram uma agitação republicana no Brasil. Todos esses fatos, aliados ao
“movimento das ideias”, contribuíram para a construção
de novas abordagens da literatura e
cultura brasileira.
Segundo José Veríssimo, “[...] foi nos próprios livros franceses de Litré, de Quinet, de
Taine ou de Renan, influenciados pelo pensamento alemão e também pelo inglês,
que começamos desde aquele momento a instruir-nos de novas idéias.”
(VERÍSSIMO, 1979,
p. 347).
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