Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 213

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passos previam a incorporação dos valores que incluíam o trabalho livre e a educação das
primeiras letras – que significava a progressiva exclusão da alteridade indígena –
necessários à integração na sociedade imperial. A experiência de Januário da Cunha
Barbosa com as populações, adquirida com base na leitura da obra de missionários,
revelava-lhe que os indígenas eram aptos tanto à conversão ao cristianismo quanto a todos
os trabalhos que lhes atribuíssem.
O clérigo conclui sua fala reiterando que a catequese era a ferramenta pedagógica
mais eficaz na integração e civilização das populações nativas e até de não-indígenas.
Observou, ainda, que sua introdução se fazia urgente naquele momento, pois mesmo as
populações já pertencentes à sociedade encontravam-se em estado de absoluto abandono;
esquecidas pelo Estado e pela religião cristã. Com efeito, convinha catequizar não somente
os indígenas, mas era necessário dispender as atenções e “doutrinar os povos que já foram
catequizados” (BARBOSA, 1839b, p. 18).
A construção do
programa
de Januário da Cunha Barbosa sobre os jesuítas e sua
ação catequética – colhida nas obras de missionários conversores nos primeiros tempos da
Colônia – apontava que a
imitação
de procedimentos anteriormente adotados seria o
suficiente para a integração dos grupos indígenas. A educação jesuítica, desde o primeiro
momento, era aventada como a alternativa mais viável no que dizia respeito aos problemas
do país, acenando para o caminho mais próximo à prosperidade no Brasil do século XIX.
O estudo do pensamento do Cônego Januário da Cunha Barbosa – presente no
programa – elucida quais seriam as preocupações entre os membros do IHGB em relação à
inserção das populações indígenas e periféricas no Estado nacional brasileiro (SCHWARCZ,
1989).
Conclusões parciais
O propósito imediato do IHGB era delinear um perfil para a nação brasileira capaz de
lhe garantir uma identidade peculiar no conjunto das nações. Essa tarefa implicava na
escolha dos seus atores que participariam desse processo. A inevitável exclusão dos
indígenas do Estado nacional suscitou nos homens de letras um desejo de sua inclusão,
ainda que houvesse controvérsia ou mesmo desconhecimento quanto ao melhor caminho a
ser trilhado. O clérigo Januário da Cunha Barbosa procura lançar luz à questão e oferece
seu diagnóstico para o problema enfrentado.
O texto de Barbosa configurava uma tendência que se desenhava antes mesmo da
independência do Brasil, baseada em ações positivas e modelares da ação dos
portugueses, em múltiplos aspectos, de considerar como benéficas ao patrimônio deixado
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