Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 208

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Os
programas históricos
na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
A modernização política no sentido do Iluminismo e de seus ideais de racionalidade
se deu em Portugal de maneira muito peculiar. A ilustração foi impulsionada sob os
auspícios do governo monárquico. Esse caractere, resguardando as proporções, também
pode ser observado no Brasil. A própria fundação do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro pode ser inscrita nesse conjunto de esforços acadêmicos perpetrados pela elite de
letrados, sob os auspícios do Estado monárquico. Estas instituições literárias ofereciam os
modelos mais seguros para se trilhar os caminhos da construção da nacionalidade.
A importância do
programa
redigido pelo clérigo é precedida pelo seu discurso
inaugural do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, publicado na Revista em 1839. O
texto foi considerado por historiadores como o primeiro ensaio teórico-metodológico sobre a
escrita da história no Brasil (BARBOSA, 1839a).
No texto fundador podem ser encontradas as balizas historiográficas para a
confecção de uma história para o Brasil, no tocante aos documentos e fontes a serem
considerados, bem como ao período a ser abarcado, entre outros aspectos (RODRIGUES,
1957, p. 38).
O clérigo atribui ao IHGB o papel de ator protagonista como órgão promotor da
confecção da história, um lugar que albergaria os homens ilustres empenhados nessa
tarefa. Para tanto, seriam desconsideradas tanto as histórias estrangeiras e regionais
quanto aquelas que se mostrassem estranhas à narrativa que comportaria a formação de
um Estado em construção (GUIMARÃES, 1988).
O primeiro ponto que Januário da Cunha Barbosa procura solucionar consiste na
legitimidade do grêmio como instituição competente e responsável para a formulação de
práticas e discursos que orientariam uma série de escolhas a serem tomadas pelos seus
membros. A opção era por uma história nacional e científica lastreada por uma
documentação, objetiva e oficial, portanto, imparcial, que servisse de matéria-prima para a
construção da história da nação (GUIMARÃES, 2007).
Os
programas históricos
eram sorteados em sessões ordinárias do IHGB nas quais
um tema em específico era escolhido para ser dissertado por um sócio membro do grêmio.
O texto era publicado posteriormente na Revista do Instituto. Foi dessa forma que Barbosa
recebera a tarefa de escrever sobre o tema da civilização dos indígenas.
Essa documentação permite observar o vínculos entre a produção historiográfica da
instituição IHGB e a política imperial, em específico, a implementação de políticas públicas
na área educacional (CEZAR, 2004).
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