Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 217

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família, diferente dos dias atuais. No entanto, ela teve contato com o “mundo da cultura” que
lhe foi logo cedo apresentado por meio da literatura, em especial pelas leituras de sua mãe
que apreciava renomados autores da literatura mundial como Victor Hugo, Émile Zola,
Dante Alighieri, Pietro Góri, entre outras referências de leituras.
No que diz respeito à política, Zélia sempre esteve em contato com tais discussões
por meio das conversas e dos discursos de seu pai e avô que se consideravam anarquistas
e nutriam grandes esperanças baseados neste referencial político que defendia os princípios
de liberdade e igualdade entre homens e mulheres.
A primeira obra discutida neste artigo trata justamente deste referencial político de
alguns de seus antepassados que vieram ao Brasil com o intuito de implantar uma colônia
socialista experimental, que acabou não se efetivando. Neste livro, Zélia volta toda a sua
atenção à imigração italiana, aos ideais anarquistas desses italianos bem como seus
costumes, hábitos alimentares e valores. Retratou, ainda, a sociedade paulistana no começo
do século XX, com os seus espaços de diversão e todas as suas particularidades. A sua
primeira obra deu início a uma carreira memorialística, sendo reconhecida no Brasil e,
posteriormente, no exterior.
Zélia Gattai por ela mesma
Foi na Bahia, aos 63 anos de idade, que Zélia Gattai começou a escrever a sua
autobiografia, a primeira de muitas que viria a escrever nos anos seguintes.
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Adotando o
sobrenome “Gattai”, de seu pai, começou a sua caminhada no campo literário, dispensando
o sobrenome de casada para não ter que ser reconhecida à custa de seu esposo, que
naquela altura já era um escritor famoso e reconhecido mundialmente, tanto pelo talento
literário quanto pela militância política.
Com o seu primeiro livro, a escritora apenas tinha a pretensão de narrar as suas
próprias histórias e as de seus antepassados, histórias das quais ouviu falar desde a
infância, relatadas oralmente por seus pais ou avós, ou das quais vivenciou. Como escritora,
se tivesse que ter algum reconhecimento no Brasil ou no mundo, queria que ocorresse por
seu próprio talento, não queria ser reconhecida, em hipótese alguma, porque era esposa de
um escritor brasileiro importante. Para a sua grande felicidade, Zélia começou a ter um
reconhecimento bom em sua primeira publicação, sofrendo críticas também, por parte de
pessoas que não a consideravam uma boa escritora, e por parte de outras pessoas que só
conseguiam perceber em Zélia a sombra de seu esposo Jorge Amado. De qualquer
maneira, apesar das severas críticas que recebeu ao longo de sua trajetória como escritora,
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A escritora Zélia Gattai publicou 16 livros, dois romances (
O Segredo da Rua 18
, no ano de 1991, e
Crônicas de uma
Namorada
, no ano de 1995). Escreveu também três livros infantis
(Pipistrelo de mil cores
, em 1989,
O segredo da Rua 18
, de
1991, e
Jonas e a Sereia
, de 2000), os demais livros, são autobiografias.
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