Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 222

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crianças gostavam muito era ir ao Parque Antártica, parque de diversão cheio de
brinquedos, onde as crianças brincavam em suas rodas-gigante e nos carrosséis.
Grande programa, o maior, o melhor de todos para mim – a ida ao Parque
Antártica, na Avenida Água Branca. Ai que frio no estômago, ao subir na
roda-gigante! E o carrossel? Era por acaso pouco emocionante montar os
coloridos cavalos de pau? Chegava a sentir vertigem naquele sobe – e
desce- dos cavalinhos rodando, rodando... [...]. (GATTAI, 2009, p. 47).
Outro espaço de diversão que as pessoas tinham o hábito de frequentar era o
cinema, que já existia em São Paulo desde início do século XX, e os filmes eram exibidos, a
princípio, dentro dos cafés, concertos ou mesmo nos circos, era frequentado apenas por
homens, mas posteriormente acabou recebendo outro público como crianças e mulheres em
regiões como o Brás, Mooca, entre outros lugares (SCHVARZMAN, 2005, p. 112).
Em seu livro, Zélia relatou sobre o cinema que frequentava, o “Cinema América” que
na década 20 era um espaço de divertimento de grande alcance popular no Brasil. Segundo
ela, todas as quintas-feiras era cobrada apenas meia entrada, por isso ela, a mãe, a sua
pajem e as irmãs sempre iam assistir ao filme neste dia específico. Aos domingos também
havia as matinês, os meninos não perdiam, e a programação era variada, às vezes
assistiam aos filmes de comédia do consagrado ator e diretor inglês Charles Chaplin,
também conhecido por “Carlitos” ou aos filmes com o ator Fatty Arbuckle, também
conhecido como “Chico Bóia”, outro comediante muito apreciado pelo público no cinema.
Afora deste gênero, era costume, neste período, a exibição de filmes românticos além dos
famosos filmes de “bangue-bangue” também conhecidos popularmente como filmes de
“faroeste” que tanto os adultos como as crianças adoravam em virtude de suas histórias,
com muito combate entre vilões e homens justiceiros.
Antes da exibição dos filmes era sempre apresentado um documentário que, de
acordo com a escritora, tinha como intuito mostrar todos os acontecimentos importantes da
semana, também havia sempre um conjunto musical que acompanhava a exibição dos
filmes, este conjunto tocava instrumentos como o piano, o violino e a flauta. A apresentação
artística e os documentários antes dos filmes objetivavam também atrair um público maior.
Outro tema abordado em sua primeira publicação se refere à religiosidade, aos
costumes e a certas particularidades de algumas italianas que residiam na Rua Caetano
Pinto, no Brás. De acordo com a escritora, a rua em questão era muito famosa, por causa dos
seus cortiços e porque ali viviam italianas muito bravas, oriundas do sul da Itália, mulheres de
“sangue quente”, muito religiosas e extremamente patriotas. Zélia comenta que essas italianas
tinham o costume de discutirem entre si e de baterem em seus filhos à moda italiana, com
fortes tapas na cara.
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