Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 212

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citar dois dos autores mais relevantes. Desses testemunhos Barbosa retirou exemplos que
registravam o progresso dos padres na catequização dos indígenas no período citado.
Para que os padres-educadores estivessem facultados a instruir os indígenas,
precisariam dispor de colégios que ensinassem de acordo com os “princípios da Religião, e
de sua santa moral” (BARBOSA, 1839b, p. 15-16). Igualmente importante era o aprendizado
das línguas nativas para os que desejassem missionar entre os índios.
Os missionários jesuítas, segundo Barbosa, desde cedo compreenderam a
importância que o estudo das línguas nativas desempenhava para que o processo de
catequização, bem como a educação, se concretizasse. Vencida a barreira linguística, os
missionários lograram enormes progressos na conversão, conforme se constata no seguinte
trecho de Barbosa (1839b, p. 15): “o estudo desta língua fez um dos principais esmerados
dos Missionários Jesuítas, e por isso tanto adiantaram a Religião do Crucificado nas matas
do Brasil”.
Com efeito, coube aos jesuítas o papel na criação de “Gramaticas, Dicionários,
Catecismos, Livros de Orações, Diálogos instrutivos, com que se habilitavam esses
primeiros inalcançáveis Missionários do Brasil” (BARBOSA, 1839b, p. 15).
No método observado por Barbosa nas obras examinadas, a educação dos
indígenas era dividida em duas partes bem distintas: a dos adultos e a das crianças. Aos
primeiros, “mais fortemente habituados a vida errante de selvagem, se devem proporcionar
ideias e trabalhos, que vão tirando dos seus erros, e de suas correrias (BARBOSA, 1839b,
p. 16).
Conforme vencessem do estado inicial e conseguissem deixar o estado de natureza,
os índios adultos incorporariam os códigos da sociedade civilizada, criando apreço à
propriedade privada podendo, dessa maneira, formar povoações, em áreas cuja jurisdição
do Estado proporcionaria maior segurança de vida. Para o trabalho com as crianças
indígenas, aconselhava a educação nas primeiras letras baseada na atuação com
docilidade e desvelo (BARBOSA, 1839b, p. 16).
Realizadas essas medidas e criadas as primeiras necessidades nos indígenas, seria
igualmente necessário pensar na etapa seguinte que corresponderia na inserção à
sociedade civil pela realização de trabalhos físicos. Estes consistiriam em
[...] oficinas grosseiras, que sirvam também de escola aos indígenas
aldeados, e lhes persuadam o amor ao trabalho. Uma forja de ferreiro, um
tear grosseiro uma serraria, serão tão necessários aos adultos como as
escolas, em que se ministrem e seus filhos as primeiras letras, e a doutrina
Cristã. (BARBOSA, 1839b, p. 17).
Aos indígenas eram oferecidos um “plano” para se civilizarem, o primeiro cuidado
para fazê-los passar do estado natural deveria ser convertê-los à religião cristã. Os demais
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