Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 209

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Lúcia Paschoal Guimarães (1995, p. 565) pontua que os programas históricos
seguiam as normas estruturais de Academias setecentistas, como, por exemplo, a Real
Academia Ciência de Lisboa; na experiência brasileira, nessas produções predominavam
[...] temas e proposições para dissertação, formulados pelos próprios sócios
efetivos, guardavam grande semelhança com as questões apresentadas e
desenvolvidas na ‘Sociedade Brasílica dos Acadêmicos Renascidos’, núcleo
de letrados que funcionava no Rio de Janeiro, sob o patrocínio do marquês
de Lavradio.
Como propôs Iris Kantor (2004), os programas de estudo criados na esfera da
instituição Renascidos, fundada na Bahia do século XVIII, dissertavam sobre a presença
lusa na colonização da América portuguesa ou ainda eram constantes as propostas de se
erigir História Universal da América Portuguesa.
Apesar das propostas e trabalhos não raras vezes se referirem a temáticas de cunho
historiográfico, faziam-se presentes pautas e problemas mais vinculados a interesses
políticos contemporâneos. Nesse caso, em particular, cogitavam-se projetos de instrução
pública a se dirigirem aos índios a fim de os educarem e darem a eles o estatuto de cidadão
e, assim, inseri-los no Estado Nacional.
Em sua abrangência, os demais programas se destinaram a discutir questões
concernentes à escrita da História do Brasil, elencando documentos e memórias para a
composição de um passado adequado à jovem nação independente, também havia
documentos que promoviam um exame a respeito de fatos mais recentes da história
nacional. Eles também avaliavam a contribuição de obras já escritas sobre a História e a
Geografia do Brasil.
No tocante à preocupação da escrita da história no passado brasileiro, pode-se
observar nos
Extratos das Atas
que descrevem as atividades, que os programas abordavam
temas diversificados, entre eles as estratégias traçadas pela instituição até aquela época.
Como exemplo dessa preocupação destaca-se os esforços do próprio Januário da Cunha
Barbosa ao propor na 1° Sessão do IHGB em 1 de dezembro de 1838, que os sócios e
membros do grêmio se esmerassem em compor uma periodização para a História do Brasil.
O pedido foi recebido com entusiasmo pelos membros que apresentaram em sessões
seguintes trabalhos que apontavam alternativas.
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Um plano para os índios
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O cofundador do IHGB Marechal da Cunha Matos e os membros do Instituto José Lino de Moura, José Silvestre Rebelo
apresentaram
As verdadeiras épocas da História do Brasil
em Sessão em 01 de dezembro de 1838. Os referidos autores
avaliaram a necessidade de instaurarem uma comissão que organizasse um Compêndio de História do Brasil. Tal proposta
fora aventada na 32ª sessão do grêmio por Justiniano José da Rocha, que julgava ser necessário um “bom Compêndio de
História do Brasil, no qual se orientaria” na “nobre tarefa” de lecionar no curso de História da Pátria no recém-fundado Colégio
D. Pedro II.
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