Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 194

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Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a narrativa biográfica e a escrita da
história construída por Raimundo Magalhães Junior como proposta de interpretação do
Brasil. Para tanto, com base na biografia
Rui: o homem e o mito
(1979), propusemos
analisar, neste estudo, como Magalhães Junior elabora a narrativa de uma personagem
eleita e, por meio dela, tecer uma representação de um período da história brasileira.
Raimundo Magalhães Junior (1907-1981) foi jornalista, poeta, escritor, historiador e
teatrólogo brasileiro. Era reconhecido por seus pares como uma figura incansável em
matéria de trabalho, entregue quase que sem medidas ao labor de escritor. Prova disto é
que ao pronunciar seu discurso
2
de recepção a Raimundo Magalhães Junior na Academia
Brasileira de Letras, em 6 de novembro de 1956, Viriato Correia ressalta que, aos 49 anos
de idade, Magalhães já contava com mais de 30 publicações de sucesso, e seria
exatamente esta produção, diga-se de passagem, não apenas vultosa, mas também de
“qualidade”, “profundidade” e “composição meticulosa” a responsável pela candidatura e
eleição naquela instituição.
Raimundo Magalhães é autor de diversas biografias, entre as quais destacamos:
Artur Azevedo e sua época
(1953);
Ideias e imagens de Machado de Assis
(1956);
Machado
de Assis, funcionário público
(1958);
Machado de Assis desconhecido
(1955);
Ao redor de
Machado de Assis
(1958);
Três panfletários do Segundo Reinado
(1956);
Deodoro a espada
contra o Império
(1957);
Poesia e vida de Cruz e Sousa
(1961);
Rui, o homem e o mito
(1964);
A vida turbulenta de José do Patrocínio
(1969);
Martins Pena e sua época
(1971);
José de Alencar e sua época
(1971); entre outras.
Ao todo dezoito biografias de personagens da história brasileira, indivíduos do campo
das letras, da política, ou que transitavam em ambas as áreas, tornaram-se objetos de sua
produção intelectual.
II.
Em
Usos da biografia
(1996)
,
Levi analisa, entre outras questões, uma tipologia das
abordagens dos historiadores do problema biográfico, elenca e intitula quatro grupos de
abordagens: “prosopografia e biografia modal”; “biografia e contextos”; “a biografia e os
casos extremos”; e finalmente, “biografia e hermenêutica” (LEVI, 1996, p. 167-182).
Na primeira abordagem, no que diz respeito à prosopografia, os elementos
biográficos são considerados reveladores, com valor histórico, quando apresentam alcance
geral. A fim de entrar nesse tipo análise, a biografia precisa dar conta não apenas de
2
Cf. Discurso do Acadêmico Viriato Correia em recepção ao Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior. Disponível em:
<
12682&sid=302>. Acesso em: 09 de dezembro de 2012
.
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