Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 143

141 
Figura 3 – Mulher de biquíni de inspiração
indígena no Baile do Teatro Municipal. (O
BRASIL..., 13 mar. 1965, p. 19)
As revistas ilustradas, como a
Manchete,
procuravam publicar imagens e
reportagens sobre o carnaval que pudessem atrair os leitores, ávidos em ter acesso a fatos
inusitados e às melhores imagens dos festejos. Embora se saiba que, muitas vezes, essas
fotos eram posadas e se reconheça a participação do jornalista na seleção da imagem, é
possível afirmar que passou a haver uma maior disposição das mulheres em se deixarem
fotografar em poses mais ousadas, e tais imagens serviam para a imprensa corroborar a
ideia de carnaval como quebra da ordem.
Já a década de 1970, período de ampliação das demandas do movimento feminista
brasileiro, que propunha ir além da luta pela igualdade jurídica de direitos e por um maior
espaço das mulheres no mercado de trabalho, para defender, entre outras coisas, o direito
das mulheres em decidir sobre suas vidas e seus corpos, possibilitou ainda um maior
desnudamento. Neste período, o biquíni já era amplamente usado nas praias cariocas, bem
como nos folguedos carnavalescos. O polêmico traje de banho serviu como base para
muitas “fantasias” vestidas pelas mulheres nos bailes de salão, mesmo em festejos de elite,
como os do Teatro Municipal. Ainda assim, tornou-se alvo de atenções e proibições da
polícia, como em 1973 e 1975, e objeto de controle pelos defensores da “moral e dos bons
costumes”.
O célebre dramaturgo Nelson Rodrigues, em entrevista para a revista
Manchete,
ainda em 1966, condenava o uso do biquíni nas praias cariocas. Segundo ele:
1...,133,134,135,136,137,138,139,140,141,142 144,145,146,147,148,149,150,151,152,153,...328
Powered by FlippingBook