Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 147

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FIGURAÇÕES DO ÍNDIO NA LITERATURA JUVENIL: UMA ANÁLISE DA OBRA
LENDAS E MITOS DOS ÍNDIOS BRASILEIROS
,
DE WALDEMAR DE ANDRADE E SILVA
Eliane Aparecida Galvão Ribeiro FERREIRA
1
Penha Lucilda de Souza SILVESTRE
2
Introdução
Este texto tem por objetivo apresentar uma análise do livro
Lendas e mitos dos
índios brasileiros
, escrito e ilustrado por Waldemar de Andrade e Silva, na qual se
considera, com base nos fundamentos da Estética da Recepção, como se estabelece a
dialogia com o leitor. Busca-se, ainda, observar como avultam as figurações do índio nesta
produção contemporânea destinada ao público juvenil. Para tanto, parte-se do pressuposto
de que a obra é atraente para o jovem, pois estabelece interações com ele tanto no plano
verbal, quanto no não-verbal. Neste texto, constrói-se a hipótese de que a obra é
emancipatória para o jovem, uma vez que o leva à reflexão acerca da importância da nossa
cultura, por meio do reconhecimento do rico imaginário indígena que a compõe. Além disso,
sua leitura faculta a esse leitor reconhecimento da memória cultural que compõe sua própria
identidade.
Na atualidade, segundo Andreas Huyssen (1997, p. 20), a valorização da memória é
sinal potencialmente saudável de contestação, sobretudo, do hiperespaço informacional, e
uma “[...] expressão da necessidade humana básica de viver em estruturas de
temporalidade de maior duração.”
Conforme Iser (1996), para que haja interação entre texto e leitor, uma obra precisa
ser comunicativa. Por sua vez, para que a leitura resulte em interpretação, faz-se necessário
que o leitor projete a expectativa e a memória uma sobre a outra. Para o estudioso (1996), o
papel da leitura é o de promover sínteses que constituirão correlatos que, por sua vez,
impulsionarão expectativas. Por meio desse processo, o receptor atualiza e modifica o
objeto, desenvolvendo novas expectativas. Desse modo, alternando “[...] o ponto de vista de
uma perspectiva de apresentação para outra, o texto se divide na estrutura de protensão e
retenção [...]”. (ISER, 1999, p. 55). Nesse contexto, o leitor reconsidera seus conceitos
prévios e amplia seus horizontes de expectativas. Uma obra é atraente para o leitor quando
1
Docente - Departamento de Linguística - Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Unesp – Univ. Estadual Paulista,
Campus de Assis – Av. Dom Antonio, 2100, CEP: 19806-900, Assis, São Paulo – Brasil. E-mail:
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Programa Nacional de Pós-Doutorado – Univ. Estadual de Maringá – Av. Colombo, 5790, Maringá, PR – Brasil. Bolsista
CAPES. E-mail:
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