Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 111

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máscaras, segundo a portaria do chefe de polícia, podem ser usadas a partir do dia 1º de
fevereiro” (NO LIMIAR..., 04 fev. 1938, p. 06).
Ou seja, fantasias que habitavam a periferia da moral, como o travesti, ou eram
correlatas às classes populares, como a de marinheiro, deveriam ser evitadas no baile que
inaugurava a nova sede da instituição que organizava o carnaval carioca.
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Relevante é o
fato da “instrução” também proibir o “apache”, pois essa fantasia era permitida em outros
bailes, que se propunham à distinção dos populares.
O Clube de Regatas do Flamengo trouxe, em 1939, um grupo de apaches. Na
fotografia, todos os integrantes vestiam a mesma fantasia, formando um bloco. A fantasia, que
cobria o corpo todo deixando somente os braços de fora, possuía ainda alguns bordados nas
extremidades das mangas e da calça e estava muito mais próxima ao “índio americano” do
que às caracterizações do silvícola brasileiro (“SOIRÉE”...
,
18 fev.1939, p. 25)
.
As ruas e os banhos de mar à fantasia – que agitavam o pré-carnaval – eram os
lugares privilegiados para o desfile de silvícolas, em razão da condenação recorrente da
fantasia de índio em bailes fechados e que buscavam alguma distinção. Das ruas, com a
festa se aproximando e tomado pela alegria e entusiasmo, o cronista disseca a festa, que
toma conta da cidade:
O carnaval deste anno é a mesma festa que reflete o caracter alegre do
nosso povo. Nas ruas e nos salões, na cidade e nos subúrbios, nos bairros
ricos e nos morros, haverá a mesma animação de todos os annos, o mesmo
enthusiasmo, a mesma vontade de apagar com as canções populares os
protestos da carestia e as difficuldades de hontem e de amanhã. [...] Os
bailes promettem. Sociedades ricas e sociedades pobres abrem os seus
salões para receber a massa dos foliões. Os ranchos aprestam-se para sair;
os grandes clubs ultimam os preparativos para lançar à rua os seus
préstitos, em busca da consagração popular. (QUASI..., 18 fev.1939, p. 07).
A igualdade descrita abrangeria todo e qualquer folião carioca que, seja do morro
seja do centro urbano, segundo o cronista, é tomado pela alegria momentânea trazida pelo
tríduo momesco. Essa dinâmica festiva que envolve os indivíduos contagiados pelo espírito
de Momo é única, independente do lugar de comemoração, guardando apenas a respectiva
condição geográfica e social. Independente das variantes, ela é correlata como uma
necessária válvula de escape.
Em meio ao certame festivo e envolto nas motivações patrióticas que cercam o
tríduo, o desfile dos blocos no banho de mar à fantasia em Copacabana, um seleto grupo de
foliões fantasiados de índios é capturado pelas lentes da revista
O Cruzeiro.
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O Centro dos Cronistas Carnavalescos (C.C.C.) foi uma importante organização, composta por jornalistas que organizavam
junto à Prefeitura o carnaval do Rio de Janeiro. No
Correio da Manhã
, seu interlocutor recorrente foi Edgar Pilar Drumond, o
“Fofinho”.
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