As instalações são construídas como ambientes cenográficos,
geralmente fechados, que possuem diversas formas de expressão
artística em conjunto com os cinco sentidos humanos. Seu objetivo
principal é o de envolver o espectador através da interatividade direta e
completa. (FONSECA, Maria da Penha, 2007, p. 19, n. 2).
1) Ambiente Cenográfico.
Embora não haja consenso quanto à data precisa de origem das instalações
artísticas, todos os autores consultados indicam o período entre as décadas de 1950 e
1980. Relacionada a termos como
arte conceitual
e
minimalismo,
a instalação é
entendida como prática experimental e proveniente de questionamentos vanguardistas a
respeito das características da obra de arte “tradicional”. A técnica é associada à
environmental art
e às
assemblages
sendo, por vezes, identificada como equivalente a
um desses tipos de trabalho.
Idênticos ou não, esses três procedimentos artísticos têm, certamente, a relação
com o espaço por fator comum: nesse sentido, a instalação pode ser compreendida como
“forma singular de ocupação do espaço, oriunda de uma reflexão espacial posta em
perspectiva no campo plástico.” (TEDESCO, Elaine, 2004, p. 4). Alguns estudiosos
consideram que a obra vai além da ocupação, ela “absorve e constrói o espaço à sua
volta, ao mesmo tempo, que o desconstrói. A desconstrução de espaços, de conceitos e
ideias está dentro da práxis artística da qual a
Instalação
se apropria para se afirmar
enquanto obra.” (Bosco e Silva; Peccinini).
Ao trazer tais reflexões para o campo da literatura, notamos que existe uma
semelhança de procedimentos entre nossos objetos de estudo. Por meio de imagens
contraditórias, construídas com impertinências semânticas, Manoel de Barros também
faz uso do questionamento de conceitos e ideias e reconstrói, dessa forma seu espaço.
No contexto da palavra, as noções de ocupação e construção do espaço são mais
abstratas, mas não menos importantes. Barros faz uso de descrições e trabalha, muitas
vezes, com verbos que indicam ações lentas (arrastar, colear, rastejar) e substantivos
referentes a seres inanimados (pedra, cisco, lata). Além disso, ele trabalha muito com
pequenos animais, alguns deles conhecidos pela sua lentidão, como a lesma e o caracol: