(...) havia Grande Sertão inteiro em páginas datilografadas,
corrigidas pelo próprio autor; havia as trilhas
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a serem percorridas, à
vontade do visitante, seguindo o caminho dos personagens; havia a
crítica especializada do livro e a recepção dos jornais da época; e
havia sertão espraiado pelo mundo afora. (...) E havia tijolos e
materiais para a construção ser feita, e havia a neblina sem a qual a
vida é nada.
À parte tudo isso, o que havia mesmo era a grande
abertura para o diálogo
entre Rosa, especialistas, leitores
apaixonados, quem não conseguiu vencer as primeiras páginas e
também aqueles que ainda nem se aproximaram dele. (LESSA, 2006,
grifo nosso).
Em pesquisas acerca de outras obras inspiradas em temas, livros ou autores
literários, encontramos os trabalhos:
Clarice Lispector: A Hora da Estrela
de Júlia
Peregrino e Ferreira Gullar;
Un Coup de Dès n’Abolira Jamais le Hasard,
de Marcel
Broodthaers e
O Quarto de Camus
, de Karin Lambrecht. Convém dizer que localizamos
também releituras e adaptações em outras linguagens, várias delas especificamente
sobre a obra de Manoel. Assim, foi preciso buscar na obra uma resposta, uma
justificativa à intuição de início: o que aproxima as instalações artísticas da “poesia do
chão”? Que características essas duas formas de arte compartilham, se é que o fazem?
Depois de levantar os elementos essenciais manoelinos, fizemos buscas em
diversas fontes ligadas à arte. Elas trouxeram três pontos chave que viriam a ser, além
de justificativas, diretrizes para toda a elaboração do projeto expositivo, e aos quais
denominamos: 1) ambiente cenográfico; 2) apelo ao sensorial; 3) interatividade. A
numeração, aqui, não implica hierarquização alguma, tratando-se apenas de recurso
didático para a explanação a seguir. Embora constem em materiais variados, a
nomenclatura dos termos acima foi extraída do texto de Maria da Penha Fonseca:
A instalação foi “dividida” em sete trilhas possíveis, como nos explica Bia Lessa em sua
Apresentação: “Optamos por não dividir o ambiente – mas dividir o olhar. O espectador caminharia pela
sala sete vezes, cada vez direcionando sua visão para um foco. Os percursos seriam construídos a partir de
fragmentos de texto, que foram selecionados a partir de sete assuntos:
Diadorim
,
Diabo
,
Estudos para
Obra e Original,
Fragmentos
,
Interlocutor
,
Batalha
e
Riobaldo
. Os percursos seriam mapeados no
chão e o espectador escolheria que caminho seguir.” (LESSA, 2006).
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