A Cidade como
Lócus Adversus
:
Miséria e loucura na poesia de Sebastião Uchoa Leite
LOPES, Aline Cristine da Gama (Unesp-Assis)
Orientador: Prof. Dr. Paulo César Andrade da Silva
RESUMO:
O presente trabalho pretende analisar a presença da cidade nos poemas de
A
uma Incógnita
(1991), de Sebastião Uchoa Leite. A paisagem urbana figura em seus
poemas como
locus adversus.
Um espaço de degradação que se refletirá nos vários tipos
urbanos (loucos, mendigos) que povoam os poemas de
A uma Incógnita,
obra
que
aborda a problemática da urbe contemporânea . Deparando-se com os “tipos” que
andam pelas ruas, o poeta irá permitir que tais seres excêntricos transitem e contaminem
o espaço do poema. Em
A uma incógnita
figuram os “in-seres”, tipos oprimidos pela
posição que ocupam e são incapazes de agir, pois sequer são conscientes de sua
condição. A rua é o espaço que possibilita o eu lírico vivenciar a experiência do olhar
que observa e reflete sobre o que vê. A rua é o espaço físico onde o poeta concentra sua
atenção à realidade. A cidade é, ao mesmo tempo, símbolo do progresso e da
degradação. Uchoa Leite mistura ambiente, relações sociais, épocas, para representar a
violência nas grandes cidades. Tais personagens estão à margem da estrutura social e
carregam consigo a problemática de não serem humanos, pois se colocam como
andrajos, maltrapilhos, espécie de espantalhos, sem deixar, todavia, de serem, de
transitarem o espaço social e fazerem parte de sua paisagem.
PALAVRA-CHAVE:
Poesia contemporânea; Cidade; Sebastião Uchoa Leite
; A uma
incógnita
.
Este trabalho traz os primeiros resultados de uma pesquisa em nível de
iniciação científica, ainda em fase inicial. Nossa proposta é analisar poemas de
Sebastião Uchoa Leite nos livros
A uma incógnita
(de 1991) e
A ficção vida
(de 1993),
na tentativa de destacar a temática que marcou a década na produção do poeta, nascido
em 31 de janeiro de 1935, na cidade de Timbaúba, Pernambuco. Ele cursou direito e
filosofia na Universidade do Recife, tendo se transferido para o Rio de Janeiro e, a partir
de 1976, além de participar da revista literária
José
, foi responsável pelas edições do
FUNDACEN (Fundação Nacional de Artes Cênicas). Desde 1992 trabalhava no
Instituto Nacional de Artes Cênicas. Ao longo de todos esses anos traduziu várias obras,
entre elas,
Alice no país das maravilhas
de Lewis Carroll. Como poeta, reuniu em
Obra
em dobras
(Duas Cidades, 1988) os seus primeiros livros:
Dez sonetos sem matéria
(1960),
Dez exercícios numa mesa sobre o tempo e o espaço
(1962),
Signos/gnosis e
outros
(1970),
Antilogia
(1979),
Isso não é aquilo
(1982) e
Cortes e toques
(1988). A
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