uma espécie de iconicidade em estado puro que depende da tecnologia multimídia para
revelar o conteúdo verbal, num processo interativo entre leitor, livro e máquina.
Trata-se de um produto híbrido, subconjunto da fusão entre linguagem visual e
tecnologia digital, com tendência cada vez maior à mediação por redes. Dentre as áreas
envolvidas encontram-se: arte visual, composição sonora, literatura, programação de
computadores, entre outras. Nesse sentido, Machado escreve:
O sonho de Mallarmé era dar forma a um livro integral, ou
talvez uma máquina poética, que fizesse proliferar poemas
inumeráveis; ou ainda um gerador de textos, impulsionado por
um movimento próprio, no qual palavras e frases pudessem
emergir, aglutinar-se, combinar-se em arranjos precisos, para
depois desfazer-se, atomizar-se em busca de novas combinações
(MACHADO, 1993, p. 165).
As novas formas de construção poética, fundamentadas na linguagem binária
da informática, miscigenam poesia concreta, arte conceitual, tecnotexto, possibilitando a
coexistência e complementaridade entre textos impressos e digitais. Isto conduz a
experiências sinestésicas de leitura e multiplicidade interpretativa; o leitor percorre a
não-linearidade e gerencia espaços interativos em profundidade, podendo, inclusive,
propor novas configurações textuais e de sentido a partir das criações poéticas do autor.
Realidade Aumentada: uma ferramenta capaz de integrar impresso e digital
A Realidade Aumentada (RA) é uma nova tecnologia que surgiu a partir da
Realidade Virtual (RV), ainda que com propostas diferentes. Atualmente, constitui um
novo recurso implantado em diversas áreas do conhecimento pelas possibilidades e
propostas inovadoras que oferece. Tal como a RV, o campo da arte descobriu uma nova
fonte de inspiração, concatenada com os novos conceitos de leitura. Assim, a RA
oferece uma perspectiva diferenciada para a observação do mundo, proporcionando uma
imagem aumentada na qual os elementos físicos reais se combinam com gráficos
gerados por computador, coexistindo num mesmo espaço. A linha que separa a
realidade da virtualidade torna-se difusa.
A contribuição da RA para a criação artística difere em relação à RV, pois o
indivíduo não fica imerso num mundo criado digitalmente, perdendo toda percepção do
mundo real que lhe rodeia, mas a obra virtual se insere em contextos reais a tal ponto
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