adversário intransigente do movimento Protestante, que fulmina em
estâncias memoráveis [...]
(REMÉDIOS,
op
.
cit
.
, p.
38
-
39
).
Também, no que toca às fontes bibliográficas de que se valia Camões para ter as
inspirações ou informações concernentes aos textos bíblicos, pretenderemos saber qual
poderá ter sido a versão das Sagradas Escrituras manuseada pelo quinhentista português
ao longo de sua vida, uma vez que, pensando em termos filológicos, importa-nos fazer a
apropriada distinção entre textos que hajam recebido alguma (in)adequada tradução dos
manuscritos apógrafos – já que, segundo o que nos dizem os estudos paleográficos e de
crítica textual, não mais existem, faz bastante tempo, os autógrafos
3
os quais formariam
os originais dos livros da
Bíblia Sagrada
– ou das cópias impressas das quais tendemos a
lembrarmo-nos de duas, sendo, a primeira, a famosa
Vulgata Editio
, então traduzida por
Eusébio Sofrônio Jerônimo (
347-420
), entre os anos
382
e
405
, compilação que, depois,
recebeu acedência, no ano
1545
, no Concílio de Trento, qual versão autorizada da
Bíblia
para ser utilizada pela Igreja Católica que, no ano
1598
, concluiu a publicação da revisão
da
Vulgata
, a qual se passou a chamar de
Vulgata Clementina
, de maneira que a segunda
versão monumental das Escrituras Sagradas é a chamada
Bíblia de Gutenberg
, o primeiro
livro impresso no Ocidente, por Johannes Gutenberg (
1398
-
1468
) – entre os anos
1452
e
1455 –
, adveniente da
Vulgata
vertida ao Latim pelas mãos do supradito Jerônimo. Além
disso, à
editio princeps
, do ano
1462
, seguiu-se outra, a
Bíblia de Mogúncia
, que passaria
a ser a segunda mais importante após a gutenberguiana.
Finalmente, para citar a tradição tradutória integral das Escrituras em Português,
estamos cônscios de que ela começou com “[...] traduções protestantes, que representam
a tradição mais antiga das traduções diretas dos originais no âmbito lusófono”, também,
que houve a “[...] primeira tradução portuguesa da Bíblia, dos textos originais, feita por
João Ferreira de Almeida, por volta de
1700
” (KONINGS,
2009
, p.
103
), explanações de
que provêm tríplices conjecturas: da primeira, pretende-se que Camões tinha proficiente
conhecimento das idiossincrasias do Latim, ao que, “[...] com a incerteza, invocaram-se
alternativas que supririam a ausência nos bancos universitários, como [...] existência de
um tio prior, que o teria estimulado aos estudos [...]” (CUNHA,
op
.
cit
.
, p.
634
) – graças
3
Esteja evidente que, ao afirmarmos que não existem, já há muito tempo, os manuscritos “autógrafos”,
isto é, aqueles que foram, originalmente, escritos pelas próprias mãos de seu primeiro autor, não nos
referimos aos textos que, desde meados do século XX, vêm sendo descobertos, por exemplo, na região do
Mar Morto, porquanto estes hão sido reputados, por
scholars
, como “apócrifos” ou “deuterocanônicos”.
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