estudo e esforço crítico coloca-se nas entrelinhas, como coadjuvante numa cena
protagonizada pela poesia e pelo visitante-leitor. Por outro lado, entendemos a proposta
também como possibilidade de expor a visualidade dessa poesia, sua relação com as
artes e seu apelo constante à questão sensorial.
Dessa maneira, nossa entrada na obra,
simultaneamente, é um exercício de crítica sutil e aproveita-se do convite que o próprio
texto nos faz: o de ser exposto.
Cabe pontuar aqui que embora a pesquisa tenha partido da obra como um todo, o livro
que servirá de base à exposição é a
Gramática Expositiva do Chão.
A escolha desse livro, que trata de exposição desde o título, deu-se por várias
razões. Em primeiro lugar, sendo a gramática particular do poeta, ela reúne questões
essenciais do que viria a ser a poética de Barros. Sua importância no conjunto da obra
fica patente em 1990, quando o poeta publica uma reunião de nove livros – toda a sua
produção, naquele momento – sob o título
Gramática Expositiva do Chão (poesia quase
toda).
Outro ponto importante é a inauguração, na
Gramática
de 1966, do uso de poema
em nota de rodapé, procedimento ao qual o poeta recorrerá em livros posteriores.
Escolhida a obra e justificada a proposta de exposição literária, passamos à
questão de
como
expor. Entre os diálogos diretos de Manoel de Barros com as artes
visuais e as relações indiretas que podem ser estabelecidas, as possibilidades são muito
variadas. Assim, foi preciso fazer um recorte também quanto à técnica artística a utilizar:
havia pintura, escultura, desenho, instalação, fotografia, performance, entre tantas outras
opções que a arte contemporânea nos oferece. Optamos pela instalação, a princípio, por
uma questão intuitiva e relacionada a outros trabalhos na interárea Literatura-Arte: a
inspiração primeira deste projeto foi a instalação literária
Grande Sertão Veredas
produzida em 2006 por Bia Lessa, para a inauguração do Museu da Língua Portuguesa,
em São Paulo.
Inspirada no livro homônimo, a exposição abarcou questões condizentes com
toda a obra de Rosa e conjugou elementos e linguagens diversas em sua construção, a
saber:
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