OS MICROPODERES PRESENTES EM PICHAÇÕES:
UMA PERSPECTIVA GENEALÓGICA
Eliane Marquez da Fonseca FERNANDES
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Resumo:
Nosso estudo liga-se às análises filosófico-históricas de Foucault em seu eixo
genealógico. Consideramos que a questão do poder não se limita a imposições de lei e
de repressão, mas se exerce no sentido de normatizar a sociedade e normalizar a
população e os indivíduos. O sujeito nem sempre aceita a regulação passivamente e
resiste às técnicas que visam a uma produtividade maior. Se o poder instituído controla
as ruas, fazer pichações torna-se uma forma de contrapoder e resistência. Aproveitando-
se da visibilidade pública, os pichadores impõem mensagens cifradas e, também, sua
voz de protesto contra uma sociedade tão controlada. As pichações desse início de
século começam a deixar de lado ações de demarcação de território e exposição de
ousadia para enviar mensagens críticas. Como base teórica tomamos Foucault (1995,
2003, 2010).
Palavras-chave:
texto, discurso, genealogia, micropoderes, pichação.
Os muros da maioria das cidades brasileiras expõem escritos e desenhos que,
muitas vezes, agridem a vista e dão a impressão de local pouco limpo. A grande
quantidade demonstra que a ação de pichar ou grafitar está em expansão. E essas formas
de representação sensível lembram-nos que o espaço da cidadania é ocupado em
movimentos coletivos num jogo de dispersões e individualidades, num impulso de
significar o mundo e significar-se.
Queremos deter nossa atenção nos dizeres específicos das pichações do espaço
urbano, levando em conta que os sujeitos estão ligados ao seu espaço social e histórico.
Interessa-nos não só a linguagem como material gráfico, mas, especialmente, os
sentidos dessa forma de comunicação que toca a cidade de modo específico. Para gerar
sentidos é preciso que a língua estabeleça relações entre os sujeitos e, em meio à
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Professora da Universidade Federal de Goiás,
