Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 153

desenvolve-se um sistema de vigilância por meio de fiscais, câmeras e até pelo próprio
autocontrole de cada indivíduo subjetivado em fiscal do outro infrator.
Até parece que a disciplina faz tudo funcionar como uma orquestra, mas a
resistência está sempre presente em cada um desses níveis regulamentados, por isso
dizemos que há uma normatização, mas não uma normalização, isto é, o poder não
obtém, automaticamente, a submissão padronizada. As forças exercem tensão lado a
lado e se o controle está até nas filigranas como um micropoder, a microresistência, ou
micropoder às avessas também está presente. Assim vemos as pichações como forma de
reação contra o excesso de normas e contra a falta de espaço para se manifestar.
Em
A ordem do discurso
(2010), Foucault explicita que assim como os
discursos controlam os indivíduos, existe uma luta pelos discursos. Como o espaço da
cidade é normatizado, pichar é uma forma de protestar é opor uma resistência à
sociedade como um todo e tentar inserir novas formações discursivas.
Figura 1 - Pichações invasoras Figura 2 Pichações semelhantes a Grafites
Pichação: histórico de resistência
No final da década de 1960, começam a aparecer nos muros das grandes
cidades brasileiras, breves frases de protesto como: “Abaixo a Ditadura”. Essas frases
são curtas exatamente por serem uma ação rápida a fim de que seu autor não seja
surpreendido em uma ação de resistência explícita contra a política instituída. Na
década seguinte, os dizeres fazem a apologia das drogas, apoiando uma postura mais
desvinculada do posicionamento político, mas de resistência a uma sociedade passiva
contra o crescimento urbano e usam frases como “Gonha breu”.
1...,143,144,145,146,147,148,149,150,151,152 154,155,156,157,158,159,160,161,162,163,...1290
Powered by FlippingBook