Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 160

A partir da leitura do livro de Carlo Ginzburg , historiador italiano,“ Investigando
Piero”(2010), vem à tona os métodos de leitura de obras de arte, tentando provar as
verdades nelas contidas, rejeitando a tese da linha temporal para a leitura das obras de
arte e conseqüentemente questionando a leitura da imagem e o ensino da história da
arte. A própria palavra investigando nos faz mergulhar nas técnicas usadas por policiais
detetives quando de suas investigações. Tal proposta abre caminho para investigar:
objetos, personagens, espaço, data, supondo a busca de provas para as verdades nela
contidas e os resultados estilísticos que são pontos de chegada e não de partida. Tal
método causou grande polemica quando diz que conceitos de uma época não interessam
para entender outra época, o passado não está ligado ao presente. Que as pessoas
antigas são distantes de hoje, que o historiador tem que se manter longe das idéias
atuais e que as ciências humanas não são importantes para o cientificismo. Ginzburg
pretendeu evitar as armadilhas do anacronismo e recorreu a esse método investigativo
para não cair no trivial ou na história do trivial, acreditando que no final da
investigação poderia responder o quanto é possível conhecer por meio da arte. Tal
proposta reflete os valores extrínsecos a obra, esquecendo de buscar no próprio leitor
elementos culturais enriquecedores compreendendo o papel social na vida e na cultura,
estudando a imagem como via de acesso ao conhecimento, como experiência que
realça a realidade.
Como se sabe, o conhecimento assim como a cultura, é constituído a partir de diversas
vozes, sentidos e perspectivas que refletem experiências políticas, econômicas,
religiosas e sociais. Foi essa atenção ao contexto social e cultural que permitiu Ginzburg
se por a salvo dos excessos interpretativos, aceitando o fato de que contexto do leitor e
o modo de ver seriam a melhor maneira de se interpretar para a educação. Esses
lastros também podem ser identificados por Foucault e outros teóricos, quando das
preocupações com o conjunto dos discursos feitos em qualquer época e que afetam
nosso modo de pensar e dizer e agir o presente.
Foucault, no livro As Palavras e as Coisas propõe para o discurso verbal e visual um
quadrilátero , onde cada vértice determina uma teoria : proposição, articulação ,
designação e derivação, apoiando-se duas a duas. Na proposição e a articulação
propõe a ordem sucessiva das leituras dando ao conteúdo uma forma, enquanto que
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