O documentário mostra a humanidade brotando do lixo, através de uma atualização,
descobriu o belo onde a maioria só enxerga sujeira, levando a arte para além do mero
reconhecimento artístico. Vik Muniz poetizou um artigo tão banalizado e erroneamente
descartado pela sociedade, mudou pela arte nosso modo de ser , de ver e de fazer. Os
catadores se transformaram em protagonistas do filme e de suas próprias vidas, Tião é
Marat. É a teoria ligada a prática ocorrendo uma transformação, onde o saber enseja um
fazer e que o fazer desvela um saber. O passado é útil para comparar os modos de ver
ler e fazer. Não é simplesmente olhar para trás e acreditar nele ,mas transpor e construir
a história presente como proposto por Foucault, fazendo enxergar novas verdades em
relação ao futuro.
Esse terror que se vê no lixo pode se tornar sublime e ser vivenciado não como absurdo,
mas como conhecimento e mudança de comportamento. A linguagem cinematográfica
faz o leitor voltar-se para si mesmo, um retorno a realidade fazendo se questionar o
momento atual, a partir de momentos e questionamentos do passado atualizados em
questões do presente: Quem são os verdadeiros assassinos? Quem matou Marat? Quem
está matando a nossa sociedade?
Assim problematizando os modos de ver e de ler as imagens durante as aulas estaremos
contribuindo para uma educação capaz de formar sujeitos questionadores e criativos,
capazes de compreender o passado e saber o que fazer para provocar uma mudança no
presente, para percebermos que: “O homem sujeito da “própria história”, capaz de
transformar o mundo a partir da tomada de consciência, reúne essas duas concepções:
tudo se passaria como se, percebendo a dominação, a força do outro, o sujeito pudesse
lutar e chegar, talvez um dia, à condição paradisíaca (e originária) de sujeito uno, pleno
de poder.” (FISCHER, 2001, p. 207).
REFERÊNCIAS
CALABRESE, Omar. A linguagem da Arte. Lisboa, Editorial Presença, 1986.
COELHO, Teixeira. O que nos ensina uma obra de arte? Jornal O Estado de São Paulo
15/01/2011
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos
de Pesquisa, n. 114, p. 197-223, novembro/2001.
GINZBURG, CARLO. Investigando Piero, RJ:Cosac Naif, 2010.
