Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 174

saber (
régime du savoir
) e com o discurso, percebendo, enfim, como elas podem
constituir subjetividades. Foucault faz essa relação textualmente:
Esta forma de poder aplica-se à vida cotidiana imediata que categoriza o indivíduo,
marca-o com sua própria individualidade,
impõe-lhe uma lei de verdade que devemos
reconhecer e que os outros têm que reconhecer nele. É uma forma de poder que faz dos
indivíduos sujeitos. Há dois significados para a palavra ‘sujeito’: sujeito a
alguém pelo controle e dependência, e preso à sua própria identidade por
uma consciência ou autoconhecimento. Ambos sugerem uma forma de
poder que subjuga e torna sujeito a. (1995, p. 235).
Dessa maneira, o sujeito de que estamos tratando já não é mais o mesmo; não
está na origem dos discursos, nem se manifesta como unidade na cadeia discursiva, pelo
contrário, é o discurso, tramado pelas relações de poder, que determina esse sujeito, o
que ele deve falar e suas modalidades enunciativas.
Voltamos rapidamente à questão da subjetividade para Foucault, pois é partindo
da noção que ele apresenta do sujeito, como sendo sempre constituído por poderes, que
vamos pensar a mídia. Ou seja, a mídia entendida como dispositivo de poder vai
implicar técnicas de subjetivação, vai constituir subjetividades, na medida em que
circular saberes e interditar outros e, finalmente, vai construir verdades sobre o sujeito.
É o que tentaremos mostrar melhor no tópico a seguir.
Mídia e poder
O que [não] pode ser dito ou visto
Vontade de verdade como sistema de exclusão
Em
A Ordem do Discurso
Foucault elege três grandes sistemas de exclusão
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que
atingem o discurso: a palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade de verdade,
porém, é do terceiro que ele mais discorre. Assim também como ele, nos apropriamos
da noção de
vontade de verdade
para sustentar a hipótese da mídia como dispositivo de
poder.
6
Mais a frente Foucault explica que até então teria falado dos sistemas de exclusão que se exercem de
certo modo do exterior. Depois ele ainda fala, então, dos procedimentos internos de exclusão, “que
funcionam, sobretudo, a título de princípios de classificação, de ordenação, de distribuição”, que são: o
comentário, o princípio do autor e as disciplinas.
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