Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 184

exploração da riqueza do mundo interior da criança, o papel do herói e a crise da
literatura infantil.
No capítulo “O livro infantil”, Cecília Meireles leva em conta a necessidade de
esclarecer as categorias desse gênero em que, às vezes, são incluídos, tanto aqueles
destinados a aprender a ler, quanto os das demais séries escolares. Além de esclarecer o
gênero de natureza infantil, há outros tantos, os chamados “álbuns de gravuras”, sem
palavras, destinados aos pequeninos, e que representam uma comunicação visual através
do desenho. Neste ponto, a autora defende que os livros de gravuras são casos
especiais, pois as crianças antes do conhecimento das letras só têm acesso a este tipo de
leitura. Pode-se objetar que os livros que mais têm durado não dispunham de recursos
de atração, como têm os de hoje, neles era a história que realmente seduzia. A tentativa
usada, hoje, utiliza os mais modernos recursos visuais para atingir, como diz a autora,
esse difícil público. No entanto, os mais famosos livros de histórias infantis eram
isentos de tais recursos e permanecem ilustres pela verdadeira qualidade literária.
Como classificar a literatura infantil?
A questão maior no capítulo
literatura geral e infantil
gira em torno da seguinte
interrogação: A literatura infantil faz parte dessa literatura geral? Existe uma literatura
infantil? Como caracterizá-la? Na mesma página (Meireles, 1984, p.20) argumenta: “”
Evidentemente, tudo é uma literatura só.
A dificuldade está em delimitar o que se
considera como especialmente do âmbito infantil ””
.
Dessa forma complementa:
São as crianças, na verdade, que o delimitam com a sua preferência. Costuma-se
classificar como literatura infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado,
talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma
literatura infantil a priori, mas a posteriori
(Meireles, 1984, p.20).
Então, mais que uma literatura infantil, existe o livro para crianças. Para chegar ao
centro do problema é importante remover e identificar o obstáculo que o livro infantil
enfrentou na época e certamente enfrenta ainda hoje: a questão da classificação do
gênero, que Maingueneau aborda da seguinte maneira:
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