Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 176

discurso verdadeiro, mas nos apropriamos aqui de sua análise para dizer como a mídia
também necessita desse discurso para validar o seu.
Vemos em tudo isso que Foucault endossava a ideia de que, por trás de todo
saber, de todo conhecimento, o que está em jogo é a luta pelo poder. Há, de fato, uma
vontade de verdade
que dita a natureza científica dos discursos e, assim, alguns saberes
tornam-se válidos, criam certas verdades e proíbem outras. E nesse sentido podemos
falar que procedimentos de controle e delimitação do discurso formam uma
sociedade
do controle
, na medida em que “não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar
de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer
coisa” (FOUCAULT, 1996, p. 9).
Sentido, formação discursiva, enunciado e as relações de poder na mídia
Gregolin, que tem diversos trabalhos nesse sentido de pensar mídia e discurso,
nos fala de trajetos sociais de sentido e podemos dizer que a mídia lida justamente com
sentidos que circulam na sociedade. Fala também de uma “sociedade do espetáculo da
mídia” e aponta para algumas regularidades e instabilidades, ou seja, da sistematicidade
e dispersão dos sentidos.
Em seu texto
Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de
sentido: mídia e produção de identidades
(2007), nos ajuda bastante a pensar
teoricamente o que estamos tentando dizer. Ela fala da “noção-conceito de formação
discursiva”, de como essa noção sofreu mudanças epistemológicas ao longo da
constituição da Análise do Discurso e do quanto ainda deve ser entendida como uma
das suas categorizações fundamentais, a partir do momento em que é vista numa relação
heterogênea com os interdiscursos, com a História e com a memória discursiva.
O ponto de vista da heterogeneidade garante, ao mesmo tempo, a compreensão
das FDs como sistemáticas e instáveis, na medida em que os sentidos não são unívocos
e imutáveis e, por isso, se alteram. A FD, portanto, vai determinar aquilo que pode e
deve ser dito, pois está ligada a um universo de representações e crenças,
correspondente a uma memória, a uma História, que são sempre atravessados por uma
rede de poderes.
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