Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 157

urbano como uma complexa rede de vozes que mostram uma expansão da resistência
contra os poderes que regulam a aparição dos dizeres na cidade. O jogo de poderes que
tenta controlar as pichações produz um diálogo em contraposição de pequenos poderes
que se digladiam pelo direito ao espaço dos muros na urbe, pelo direito de levar a sua
voz a todo transeunte da cidade.
A proposta genealógica de Foucault abre oportunidade para se observar de
perto como a técnica das pequenas ramificações do poder estão conectadas à produção
de determinados saberes sobre o espaço urbano. Esse dispositivo nos permite enfocar,
de um lado, uma sociedade organizada que pretende impedir as vozes resistentes; de
outro, os micropoderes que teimam em enunciar dizeres em contraposição, apontando
para um grupo que começa a se fazer ouvir e obtém certo respeito.
Consideramos que esse embate é produtivo, pois sempre haverá vozes em
oposição, inserindo sua resistência contra um disciplinamento com o qual não concorda.
Isso nos mostra que as contraposições dos poderes e essa polêmica é produtiva para
fazerem surgir novas idéias e renovação conceptual sobre o homem e sobre a vida.
Referências:
FOUCAULT, M. (2010)
A ordem do discurso
. Tradução: L. F. A. Sampaio. 20. ed. São
Paulo: Loyola.
FOUCAULT, M. (2005) “Genealogia e poder”, in: FOUCAULT, M.
Microfísica do
poder.
Tradução de R. Machado. 21. ed. Rio de Janeiro: Graal.
FOUCAULT, M. (2003) “Poderes e estratégias”, in:
Foucault
: estratégia, poder-saber.
Org. M. B. Motta. Tradução: V. L. A. Ribeiro. Ditos e escritos IV. Rio de Janeiro:
Forense Universitária. p. 241-252.
FOUCAULT, M. (1995) “O sujeito e o poder”, in: DREYFUS, H. e RABINOW, P.
(1995).
Michel Foucault:
uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da
hermenêutica. Tradução: V. P. Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
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