Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 146

Temos tomado, aqui, as três formas pesquisadas “educação para o trabalho”
“formação para o trabalho” e “preparação para o trabalho” como possíveis variantes de
uma mesma fórmula. É importante, antes de finalizar, mostrar como a forma “educação
para o trabalho” que no texto de 1981 aparece com um sentido relativamente diverso
daquele da expressão “preparação para o trabalho” tal como é utilizada em 1971, é
retomada em 15/02/1995 de um modo que parece reatualizar a oposição
conhecimento/prática. Essa passagem exemplifica porque temos assumido as três
formas como variantes.
O texto noticia o anúncio de um convênio entre a prefeitura de São Paulo e o
SENAI, a FIESP e a Fundação Roberto Marinho, com o objetivo de ministrar cursos
técnicos para os alunos das escolas municipais.
Maluf disse que a intenção da prefeitura é ‘educar para o emprego, para o mercado de
trabalho’. Ao explicar a
‘educação para o trabalho’
o prefeito ironizou os cursos de
latim e grego da USP (Universidade de São Paulo).
A USP tem seus cursos de línguas greco-latinas, que talvez tenham lá sua importância,
mas forma gente para empregos inexistentes. A pessoa se forma e não tem emprego,
tem que ser professor.
O conhecimento do grego e do latim parecem se opor à formação prática
oferecida pelo Senai e não se relaciona com a obtenção de um emprego (resta perguntar:
por que “professor” não equivale a um emprego?)
Um último ponto interessante de nota é o modo como a questão do trabalho
aparece, a cada hora, relacionada a um nível diferente do ensino, muitas vezes
pretendendo um nível específico, o ensino médio por exemplo, como lugar privilegiado
para lidar com a questão.
Exemplos como os apresentados se multiplicam no corpus e parecem atestar o
caráter formulaico das seqüências estudadas. Com o avanço desta pesquisa, a análise
detalhada do corpus permitirá concluir com mais segurança tal estatuto além de
possibilitar traçar o percurso destas expressões, revelando os sentidos múltiplos que elas
vão ganhando e os discursos diversos que as atravessam.
Referências bibliográficas
ANDERSON, P. “Balanço do neoliberalismo”, in: SADER, E.; GENTILLI, P.
(orgs.).
Pós-neoliberalismo
. São Paulo, Paz e terra, 1995, pp. 9 – 23.
1...,136,137,138,139,140,141,142,143,144,145 147,148,149,150,151,152,153,154,155,156,...1290
Powered by FlippingBook