Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 137

do trabalho francesa de tradição friedmanniana, com seu projeto de crítica ao irrealismo
da representação do trabalho proposta pela racionalização tayloriana.
Para Santos (2008), estas duas décadas são marcadas por uma crítica ao caráter
dual da educação brasileira, cindida em uma formação geral para as elites e uma
formação técnica para os trabalhadores, tema ainda fortemente presente na produção
acadêmica (Kuenzer, 2007). Outra crítica importante é aquela feita ao caráter
messiânico da educação, entendida como alavanca para o desenvolvimento econômico
(teoria do capital humano) e social do país (Frigotto, 2006, Cortella, 2004).
Os anos 1990 marcam o aporte de teorias psicológicas na abordagem de
questões relacionadas às vivências subjetivas do trabalhador, principalmente a partir de
estudos a respeito da experiência de homens e mulheres em situações de trabalho. As
perspectivas divergentes sobre o conceito de subjetividade produziram estudos que não
podem ser tomados como complementares.
Na última década, Santos (2008) se refere a uma “crise de paradigmas”. Para
esta autora, tal crise tem motivado a retomada da leitura de clássicos, especialmente de
Marx, Lukács e de autores da escola de Frankfurt, em torno da discussão de conceitos
como trabalho abstrato e trabalho concreto e da relação entre objetividade/subjetividade.
Algumas perspectivas surgiram a partir disso buscando na ergonomia e na ergologia
aportes conceituais para tratar da relação entre educação e trabalho.
Tal configuração do campo, ligada ao deslizamento do tema da qualificação para
a questão da competência, mencionado anteriormente, aponta, segundo a autora, para a
necessidade de repensar a articulação entre trabalho e educação em termos teóricos e
empíricos.
Dialogismo e interdiscurso
Mesmo levando em consideração a produção bibliográfica mencionada no item
anterior e não negando o caráter determinante das formações histórico-sociais na
constituição das significações socialmente partilhadas, este trabalho não está
diretamente interessado em problematizar a relação entre a educação e a estrutura
econômico-social capitalista, tal como é feito, por exemplo, em Frigotto (2006).
Também não estamos assumindo como tarefa a discussão sobre a experiência
subjetiva do trabalhador e as eventuais relações que possam ser tecidas entre este
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