Zélia Lopes da Silva (Org.)
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mesma rifa que era quinhentos reais para fazer a matrícula na época e a papelada. Minha
filha, eu tirei esses quinhentos reais em dois dias. Vendi essa rifa, fiz a matrícula, depois
eu comecei pensar. Aqui não vai dá para estudar não, porque eu vou ter que vir todo dia.
Eu não vou aguentar porque estou trabalhando na Cooperativa e daí eu fui lá na Unopar, vi
tudo certinho, né. E comecei a estudar lá na Unopar, fazer uma vez por semana.
Entrevistadoras:
Você foi para estudar o quê?
— V.R.C.S.
: Pedagogia.
Entrevistadoras:
A distância?
— V.R.C.S.
: A longa distância. Nesse intervalo eu tinha feito Prouni. Entendeu? Porque eu
já estava com um pensamento de estudar. Daí veio a minha chamada, eu tinha passado
no Prouni. Daí eu ganhei a bolsa e fiz lá na Unopar. Terminei o ano passado. Na minha
faculdade, fiz Pedagogia. Porque eu fiz Pedagogia? Porque eu estava trabalhando na
Prefeitura, e na Prefeitura eu trabalhei muito tempo lá. Daí, quando veio essa história de
catadores, da Cooperativa que eu falei que eu não estava entendendo nada. Daí que eu
vim entender o quanto é valorizado o catador. Desde que a pessoa entenda que o trabalho
que eu estou fazendo, isso desenvolve muito mais o projeto. Entendeu? Que nem eu falei,
eu trabalhava por dinheiro, hoje não é mais assim. Hoje, eu trabalho porque eu estou
vendo a necessidade do meio ambiente. Hoje, eu estou sentindo, eu me aprofundei nesta
história. E o dinheiro para mim, é claro que é válido, mas não é tão mais do que o projeto
em si.
Entrevistadoras:
Então, antes de entrar aqui você não tinha essa consciência de
preservação?
— V.R.C.S.
: Nada, nada, nada para mim minha filha eu estava ganhando dinheiro o resto
era resto.
Entrevistadoras:
Então, você já trabalhava na Cooperativa antes que a Ana Maria e o
Carlos chegassem e começassem com esse projeto?
— V.R.C.S.
: Não, eu trabalhava na Prefeitura aqui no Parque, na esteira, passando lixo e
a gente tirava os materiais do lixo, mas não era tudo. A gente só tirava o papelão, as latas
e latinha que tinham as prensas. E nós da Prefeitura, a gente fazia o quê? Prensava e
quando chegava um determinado tempo, acho que era de 6 em 6 meses, eles faziam um
leilão aqui e vendiam para fora.
Entrevistadoras:
Então, você já está nisso antes do início do projeto?
— V.R.C.S.
: É, isso daí é antes do projeto.
Entrevistadoras:
Então, você viu toda essa evolução?
— V.R.C.S.
: Eu vi.
Entrevistadoras:
Até chegar hoje na Cooperativa.
— V.R.C.S.
: Até chegar. Então, na época que eu vim para a Cooperativa, foi a época que
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