Zélia Lopes da Silva (Org.)
88
mim está sendo uma satisfação muito grande. Eu não imaginava que hoje eu ia falar com
duas pessoas tão maravilhosas assim! Eu acho que é isso. Falei bem? Falei alguma coisa
errada?
*
10. Relato:
Vilma Rodrigues Cipriano Soares
Data da Entrevista:
01/07/2011
Transcrição:
Sheila Misaella Barbato Marcondes
Entrevistadoras:
Qual a data de seu ingresso na Cooperativa Vilma?
— V.R.C.S.
: Eu comecei na Cooperativa quando a professora Ana Maria e o professor
Carlos Ladeia estavam fazendo o projeto e eles estavam fazendo a reunião lá na Unesp,
depois foi no barracão. Então, antes da gente vir para o Parque de Reciclagem, a gente
tinha uma capacitação para poder entrar. Na realidade eu mesma não sabia o que era isso.
O que era ser catador. Para mim os catadores eram aqueles que catavam na rua, no lixo.
Assim, era novo também porque ninguém entendia o que é isso: trabalhar, ter regra, ter
salário. Então, foi aonde que surgiu a Ana Maria e o Carlos, começou a fazer capacitação,
conversar com a gente, explicar que a gente era uma economia solidária, que agora a gente
ia participar de todo o programa da coleta seletiva, que não era coleta seletiva o programa
da coleta. Que a gente ia participar, eles iam fazer acompanha a gente ia trazer o material,
a Cooperativa, ia pegar e eles já trazia reciclado e a Cooperativa ia comercializar naquela
época. Daí, nesse intervalo, veio uma frente de trabalho da Cooperativa, dos catadores
de materiais reciclável. Então, qual foi essa frente de trabalho? Foi que nós começamos
a pegar material no lixo. A esteira, então, tinha os catadores individuais da rua que era
cooperado. Eles vinham, traziam e entregavam na Cooperativa e essa frente de trabalho
que era o segundo pessoal da Cooperativa. A gente vinha para esteira, aqui no lixo. E eu,
na época, eu nunca trabalhei de catadora. Naquela época, eu não sabia o que era, mas
só que eu trabalhava na esteira. Eu já era uma catadora no lixo, mas eu não percebia. Eu
trabalhei catorze anos nessa esteira, no lixo, mas eu não entendia o que era isso. Ninguém
falava nada de catador, e era uma coisa muito nova, mas como eu tinha experiência na
esteira e os outros não tinham. Então, eu fiquei na Cooperativa para ajudar na esteira.
Desde então eu trabalhava na Cooperativa, e por causa de dinheiro. Eu não queria nem
saber, tendo meu dinheiro no fim do mês beleza. Então, eu fazia o que mandava. Eu não
queria nem saber. E foi engraçado, que a partir desse momento que eu vi aquelas turmas
fazendo reuniões, eu falei. Para que isso, né? Eu não sei se firma tem isso. Bom, era meu
pensamento, né. Daí vinha, falava uma coisa, falava outra, eu falei assim caramba o que
será que é isso. E foi indo, eu fui me envolvendo, eu sou muito curiosa. Eu gosto de saber
1...,81,82,83,84,85,86,87,88,89,90 92,93,94,95,96,97,98,99,100,101,...180