Zélia Lopes da Silva (Org.)
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amigos, e depois a gente vai, no ônibus, para a rua.
Entevistadoras:
Para a coleta?
— V.R.C.S.
: É, para a coleta seletiva. Cada dia da semana a gente tem um setor para fazer.
A gente faz esse setor daí quando é meio dia, 1 hora mais ou menos a gente já terminou
nosso trabalho e viemos para cá, almoçamos, tiramos hora de almoço. Cada um vai fazer
uma coisa. Tem dia que eu estou amarrando jornal; tem dia que eu vou para a esteira, tem
dia que eu fico aqui embaixo. Então, é giro na Cooperativa. Você nunca sabe o que você
vai fazer no dia a dia. Você sabe que você vai para a rua fazer a coleta, mas depois que
você entra aqui. Aí você não sabe mais nada porque daí você vai onde está precisando.
Entrevistadoras:
E as amizades aqui dentro da Cooperativa, como funcionam? Dá para
levar para a vida lá fora? São só algumas pessoas?
— V.R.C.S.
: Na verdade, amigos a gente não tem; a gente tem colegas, né. Mas a minha
convivência com as pessoas é boa. Eu brinco, eu converso com todos eles. E também
a minha amizade não é aquele floquinho de dois, três não, eu tenho amizade com todo
mundo junto. Sei lá, eu convivo bem com todo mundo.
Entrevistadoras:
E você tem alguma atividade de lazer que você gosta de fazer? Dá
tempo?
— V.R.C.S.
: Olha, na realidade, depois que eu larguei o meu marido, que eu me empenhei
na faculdade, eu não saía dia de sábado, dia de domingo. Dia de sábado porque eu estava
estudando. Domingo eu estava estudando porque tinha prova, né. Aí eu terminei minha
faculdade, eu não saio porque eu perdi o ritmo.
Entrevistadoras:
Hum, hum, cansada (risos).
— V.R.C.S.
: Eu não sei. Eu chego na minha casa no dia de sábado, eu vou ver alguma
gaveta para arrumar, alguma coisa que está desarrumada. E vou lavar minha roupa, porque
eu não gosto que a minha filha lave porque eu tenho que lavar do jeito que eu gosto. Pelo
menos ali na minha casa eu tenho que mandar, né (risos). Daí chega dia de domingo, a
gente vai almoçar em família, né. Tem a minha irmã que a gente mora junto, mas reunimos
a família. Daí fica batendo um papo, depois passa a hora, acabou o dia. Então, quer dizer,
eu não tenho mais lazer. Eu amo baile, eu amo dançar, nossa! Eu adoro.
Entrevistadoras:
Mas, agora está difícil?
— V.R.C.S.
: Ah, agora dei uma parada porque tem esse problema no pé, né. Eu já trabalho
porque eu tenho que trabalhar mesmo, né. E depois eu vou sair a pé, sem um carro, sem
nada. É melhor eu ficar em casa mesmo, deixa eu quietinha (risos).
Entrevistadoras:
E religião, de que religião você é?
— V.R.C.S.
: Então, eu fui batizada na religião católica e hoje eu não sei se vocês já ouviram
falar naquela religião espírita carismática, do padre Marcelo Rossi. Eu sou muito devota
a essa carismática. Eu não sei, porque a religião também é um pouco a sua mente, né. E
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