Zélia Lopes da Silva (Org.)
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pouco.
Já adulto, trabalhava numa fábrica de gelo em Sorocaba, mas sua mulher que era
de Assis não quis continuar na cidade. Vieram morar em Ourinhos, mas não conseguiu
emprego. Veio para Assis e enfrentou o mesmo problema. Mora com o sogro, numa casa
separada. Foi nessa busca de emprego que, por meio da Igreja, entrou em contato com as
discussões do grupo de Ana Maria Rodrigues. No início, o grupo discutia alternativa para
os desempregados, mas resolveu procurar outra saída porque achou que não ia “dar em
nada”. Trabalhou um ano como caseiro de um clube; mas terminada a gestão de quem o
contratou, foi mandado embora e, novamente, estava desempregado.
Foi a partir daí que procurou a Cooperativa e se integrou a ela. Na ocasião da
entrevista fazia parte da diretoria na qualidade de Diretor Vogal. Esclarece, em seu relato,
que esse cargo não significa privilégios e sim responsabilidade para o andamento do
trabalho geral da Cooperativa. Embora diga que está muito contente, o seu sonho é montar
um negócio próprio.
No plano simbólico, esses três homens recontam suas experiências de vida de
forma quase naturalizada. A entrada para a Cooperativa, no entanto, tem visões distintas.
Para André e Claudineis, configurou-se como a última opção e somente foi aceita por falta
de outras possibilidades de emprego em outras áreas e atividades. Embora reconheçam
que se trata de trabalho como outro qualquer, a realização pessoal passa pela possibilidade
de montar “negócio próprio”.
RELATOS
*
1. Relato:
Alexandre Júnior Tavares
Data da entrevista:
15/09/2011
Transcrição:
Willian de Freitas Batista
Entrevistadoras:
Bom, Alexandre, você sempre morou aqui em Assis? Em qual bairro
você morava e como era quando você morou lá?
— A.J.T.:
O bairro que eu morava? O primeiro bairro que morei foi Jardim Eldorado que
era um lugar que não tinha asfalto, tinha bastante dificuldade, muito buraco. Aí, um belo
dia, ajuntou todo o pessoal do bairro e entramos com ação junto ao prefeito Bolfarini para
ele asfaltar, né. Melhorar ali o nosso trajeto. Fomos à Câmara Assis e aí ele veio ao Jardim
Eldorado e cedeu para nós o asfalto.
Entrevistadoras:
Depois você mudou daqui de Assis?
— A.J.T.:
Aí, depois, eu fui morar na Vila Sousa. Ali também construímos a mesma coisa,
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