Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
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açougue, ou às vezes até na avenida.
Entrevistadoras:
O que você gosta de fazer quando tem um tempinho fora da Cooperativa,
de lazer?
— N.V.V.:
Eu vou muito na igreja. Baile, essas coisa, eu não vou não.
Entrevistadoras:
Mais na igreja?
— N.V.V.:
Mais assim, eu vou na igreja católica, todas as quarta-feiras. Agora, como nós
estamos trabalhando até a noite, eu estou em dívida com Deus. Mas, sempre que eu
posso, eu vou na Igreja no final de semana. Eu gosto muito de visitar meus filhos, sabe?
Passar o final de semana com eles.
Entrevistadoras:
Eles moram aqui?
— N.V.V.:
Eles moram. Eu comprei a minha casa e eu pedia para Deus um cômodo só, e
Deus me deu oito porque me achou merecedora. Aí, eu conheci o irmão da Cleuza, que é
o que eu convivo hoje, com ele. A gente comprou o terreno e construímos uma casinha de
dois cômodos, área, de serviço, tudo muito bem feitinho. Aí, a gente mudou pra lá. E essa
casa minha que eu comprei eu deixei para os meus filhos. Moram nessa casa Elielson com
a esposa, a Taís com o marido e os filhos. A Taís e o Elielson moram em três cômodos, a
Tamires mora três e ficaram dois fechados que era aonde eu vivia. Então, agora a Taís vai
reformar esses outros dois e vai puxar mais um, para poder se transformar em três, que a
Taís, ela vive de aluguel. Então, essa casa eu deixei para eles.
Entrevistadoras:
Você tem algum sonho para o futuro?
— N.V.V.:
Tenho. Nossa! Como eu tenho. Se a gente não tiver sonho a vida nossa não é
nada. Eu sonho assim, sabe? Quero tirar minha carta; quero voltar a estudar, esse ano
ainda não, porque as coisas estão apertadas. Mas, no ano que vem eu quero voltar a
estudar. Pretendo fazer uma faculdade, em nome do Senhor Jesus que eu vencer, sabe?
E que isso aqui fique melhor do já está. O sonho nosso é ver isso aqui bombando.
Entrevistadoras:
E vai continuar aqui na Cooperativa?
— N.V.V.:
Se Deus quiser. Às vezes a gente não sabe, né? A gente faz um plano e Deus
faz outro, mas não pretendo sair não. Não pretendo que foi aqui que tudo começou, né.
Eu acho assim, que a gente nunca deve cuspir no prato que comeu. Então, por enquanto,
está dando tudo muito certo. O pessoal, graças a Deus, eu acho que eles não têm muito
do que reclamar que a gente tenta fazer o que pode.
Entrevistadoras:
Você acha que tem alguma importância esse trabalho que estamos
fazendo de registrar essa experiência?
— N.V.V.:
Com certeza. Acho que através do estudo de vocês também, né. Que é um curso
que vocês também devem está correndo atrás. E bom é que a gente também começa a
se conhecer, né? É bom, assim, a gente dividir e compartilhar as alegrias que a gente
sente com as outras pessoas, né? Só o fato de eu está aqui falando com vocês duas para
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