Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 71

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Smith, por entender que se tratava de um método adequado às necessidades brasileiras e
capaz transformar o Brasil em uma nação industrializada.
A inovação tecnologia que fez Lobato abandonar seu pessimismo em relação ao
futuro do Brasil foi criada por William H. Smith e patenteada, em 1928, pela General
Reduction Corporation. Trata-se de um método siderúrgico que, em tese, reduziria o minério
de ferro a ferro esponja, por meio de reações químicas, em forno vertical com temperatura
inferior ao ponto de fusão do metal. Após a redução, o ferro é magneticamente separado de
outros materiais e, por fim, briquetado. O ferro esponja é considerado uma alternativa ao
ferro gusa e ambos podem ser utilizados na produção de aço, no entanto, ainda hoje, muitos
especialistas consideram mais vantajoso o uso do último
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.
Em seguida, Lobato enumerou as vantagens do processo Smith, argumentou que o
método exigia instalações mais simples do que as usinas existentes. Principalmente se
comparado com as grandes siderúrgicas integradas, que produziam ferro, aço e laminados
numa única unidade. Sobre esse aspecto, cabe ressaltar que muitos defendiam a
construção de usinas integradas no Brasil, no entanto, a concretização desses
empreendimentos esbarrava na ausência de capital. Por isso, Lobato insistia na viabilidade
econômica do negócio, destacando que seu projeto exigiria um investimento inicial bem
menor. Além disso, afirmava que o método era perfeitamente adequado ao Brasil, já que,
possuíamos grandes reservas de minério de ferro, mas não tínhamos carvão mineral e
matéria-prima para produzir coque. Dessa forma, apresentava o processo Smith como uma
solução a esses problemas, visto que, o mesmo propunha substituir o carvão mineral, como
combustível do forno, e o coque, como agente redutor, por outras fontes de carbono
disponíveis em nosso território, como: carvão vegetal, bagaço de cana, palha de café,
babaçu etc. Além disso, tentou convencer Alarico, de que a técnica norte-americana tinha
um custo de produção reduzido, por dispensar a necessidade de altas temperaturas, e
elevada produtividade.
Ainda nesta carta, Lobato vai direto ao ponto: “Mas a coisa não ficou por aí.
Entramos no terreno pratico das realizações. Traçamos no chão as linhas do alicerce”, e
detalha ao remetente o plano para construir no Brasil uma usina com o método Smith.
Assim, segundo o remetente, ficou definido que seria criada uma companhia brasileira,
totalmente privada e com capital nacional, que em parceria com a General Reduction
Corporation construiriam a siderúrgica. A empresa dos Estados Unidos ficaria responsável
por transferir a nova tecnologia aos brasileiros e oferecer assessoria administrativa e
financeira. Para justificar a ausência do capital estrangeiro, utilizou o argumento de que a
produção metalúrgica em uma nação independente deve permanecer sob o controle dos
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Para mais informações sobre usinas e processo siderúrgicos, ver: ARAUJO, Luis Antonio de.
Manual de Siderurgia
. 2ª Ed.
São Paulo: Arte & Ciência, 2008, 2 v.; MOURÃO, Marcelo Breda (Coord.)
Introdução à siderurgia.
São Paulo: ABM, 2007.
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