Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 81

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o mundial, equiparando-a às demais equipes. O futebol é o esporte marcado pela
imprevisibilidade, o que deixa o jogo emocionante, com circunstâncias da partida que podem
alterar o resultado e contradizer o favoritismo. Dentro do campo a superioridade é sempre
relativa e as possibilidades de vitória ou derrota estão abertas. Assim, o jornal defendia que
não era somente a formação do selecionado que iria influenciar o resultado da partida, o
Brasil não contava com todos os seus melhores jogadores, mas tinha uma equipe forte o
bastante para vencer seus adversários.
Já o jornal
O Estado de S. Paulo
mantinha-se imutável e continuava a criticar a
composição da seleção, o pouco caso dos dirigentes, os interesses particulares, alegando
que o aliciamento deveria ser resolvido nos tribunais comuns (MEDIDA..., 1934, p. 8). Além
da oposição explícita em relação aos membros da Confederação Brasileira, percebe-se o
peso do sentimento regional, patente no fato de se considerar o Botafogo e seus aliados
como beneficiários da Confederação que, ao não adotar o profissionalismo de maneira
correta, acabava por defender a AMEA, mas desrespeitando regras, razão pela qual se
evocavam os tribunais.
Apesar das desconfianças, e critica à CBD, o jornal ainda acreditava na vitória
brasileira: “[...] contudo há esperanças de um possível êxito dos brasileiros. Esperanças nem
todas destituídas de fundamento, a velocidade e a improvisação são apanágio dos
brasileiros [...].” ( BRASILEIROS..., 1934, p. 8).
Mas veio a derrota, apesar de os noticiários destacarem que o time jogara bem.
O
Estado de S. Paulo
voltou ao ataque:
Mas que fazer? Certos esportistas, ou como tais considerados, não se
compenetraram de que a representação de um povo, em reuniões
internacionais, mesmo em se tratando de futebol, é coisa muito mais séria
do que eles imaginam. Basta lembrar que, na Europa, os estadistas de
renome têm interferido nos fatos esportivos. Dos nossos estadistas nada se
podia esperar, porque eles infelizmente, não sabem o valor de iniciativas
desta natureza. (OS GRANDES..., 1934, p. 9).
Mazzoni ressalta que, no segundo tempo do jogo, os brasileiros foram melhores,
para este autor, se o Brasil tivesse vencido a Espanha, facilmente chegaria às semifinais,
como chegou em 1938 (OS GRANDES..., 1934, p. 9). O
Correio da Manhã
também
enfatizou a boa partida do Brasil, apreciada por todos, a despeito de todas as adversidades,
mas ressaltou a briga entre os profissionais e amadores como causa da derrota, tema que
ocupou uma página inteira (CRÔNICA..., 1934b, p. 10).
A derrota do Brasil fez ressaltar os problemas que a seleção enfrentou. Enquanto o
jornal
O Estado de S. Paulo
depositou toda a culpa da derrota aos mentores do esporte,
especialmente aos membros da CBD, o
Correio da Manhã
defendeu os amadores,
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