Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 87

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a França, o time da casa, no jogo anterior e estavam descansados. Para o
Correio da
Manhã
(OS ITALIANOS..., 1938, p. 16), esses comentários não passam de meros palpites.
O jornal discordava do favoritismo italiano, considerava que os feitos do Brasil não
permitiam afirmar a superioridade da outra equipe, o que ocorria em função da derrota da
França pela Itália, e de forma fácil.
Para a tristeza nacional, o Brasil foi derrotado pelo placar de 2x1. Esse jogo causou
grande entusiasmo e o resultado contra a Itália foi tido como injusto. As notícias atrelavam a
derrota a um erro do juiz, pois o segundo gol da Itália foi marcado de pênalti e, para todos os
brasileiros, esse pênalti não existiu: o atacante italiano, Piola, e o zagueiro brasileiro
Domingos, desentenderam-se e quando o zagueiro brasileiro deu um pontapé, com a bola
fora de campo, o árbitro marcou a penalidade. Protestaram a imprensa e a delegação
brasileira, que enviou ofício à FIFA pedindo a anulação da partida, o que não ocorreu.
O
Correio da Manhã
relatou o jogo completo e publicou na manchete o protesto do
Brasil, alegando que o erro da arbitragem culminou na derrota brasileira. O
OESP
foi menos
enfático quanto ao lance do pênalti, preferiu salientar a técnica italiana, mas não se furtou a
publicar o protesto da delegação brasileira e exaltou os jogadores brasileiros pelo feito,
apesar de considerar que jogaram sua pior partida contra a Itália, especialmente pelo
cansaço e pela ausência de Leônidas, mas não deixou de criticar o “speaker” brasileiro, a
quem teria faltado imparcialidade ao narrar os jogos do Brasil (UMA FALHA..., 1938, p. 7).
O Brasil ainda disputou (e ganhou) o terceiro lugar contra a equipe da Suécia, o que
reforçava a ideia da injustiça, pois se não fosse o erro do juiz contra a Itália, o Brasil teria
sido campeão, como publicou o
Correio da Manhã
(ENCERRADA..., 1938, p. 1):
“se os
nossos intrépidos jogadores não tivessem sido esbulhados em sucessivas arbitragens no
campo da pugna, a Taça disputada lhes seria conferida pela superioridade do jogo de que
deram provas.”
Não se pode perder de vista que todas essas notícias exaustivas estavam em
consonância com a ideia, cara ao regime, que colocava o esporte a serviço da nação, sendo
o futebol o principal deles, pois era o que mais mobilizava pessoas. A Copa do Mundo atuou
no sentido de disseminar a união nacional e de evidenciar que qualidades se esperava dos
brasileiros.
OESP
manteve uma distância crítica, mesmo sem deixar de apoiar a seleção, não
poupou críticas aos caminhos seguidos antes e depois da Copa. Não concordou com as
escalações de Pimenta, com a organização da seleção e mesmo a respeito da disciplina:
A derrota do Brasil contra a Itália teve origem no segundo grande erro do Sr.
Adhemar Pimenta: a preferência que deu a linha média azul [...].
O primeiro erro, também incompreensível, foi a inclusão de Leônidas na
linha que atuou contra os tchecos, no segundo jogo. A nossa superioridade
1...,77,78,79,80,81,82,83,84,85,86 88,89,90,91,92,93,94,95,96,97,...328
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