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Aranha, um dos presidentes da CBD, irmão de Osvaldo Aranha, ambos foram
revolucionários de 1930 e diretamente ligados a Getúlio. Já o chefe da delegação brasileira
Lourival Fontes que, a 10 de julho de 1934, às vésperas da promulgação da Constituição, foi
nomeado chefe do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC), substituto do
Departamento Oficial de Propaganda (DOP) e antecessor imediato do poderoso
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que Lourival dirigiu até 1942. O
Correio da
Manhã
seguia a mesma linha e autodefinia seu jornal como favorável à democracia, “pelo
bem público e contra a venalidade [...] contra a politicagem, desmoralizava um politiqueiro.”
(ANDRADE, 1991, p. 87).
A saída encontrada pela CBD foi o aliciamento aos jogadores profissionais, assim
poderia-se formar uma equipe competitiva. Mas, os times profissionais tentavam impedir a
participação de seus jogadores com medidas inusitadas, como retirar seus jogadores para
uma fazenda no interior, medida adotada pelo Palestra Itália, e até expulsar das ligas os que
integrassem a seleção. O
Correio da Manhã
bem pontuou que a causa maior das
agremiações eram suas equipes e seus recursos financeiros e não o país. Este jornal
assinalou que, mesmo com a má vontade dos profissionais, a CBD estava conseguindo
formar uma grande equipe.
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Os editores do
O Estado de S. Paulo
não acreditavam que uma seleção, mesmo
formada com bons nomes, mas às pressas e sem entrosamento, poderia ter bom
desempenho e a culpa recaía nos dirigentes, que só se preocupavam com o divertimento,
sem se importar com a situação delicada em que nos encontrávamos. E acrescentava:
“Uma delegação clandestina, constituída à pressa, com elementos visceralmente
heterogêneos, não pode superar adversário de valia. Acreditamos que, logo na partida inicial
[...] contra os espanhóis, os brasileiros sejam derrotados [...].” (DELEGAÇÃO..., 1934, p. 9).
Em face de várias desistências de outras equipes, o Brasil caiu direto na fase
eliminatória e o primeiro jogo foi contra a forte equipe espanhola, uma das favoritas do
torneio. Os problemas se acumulavam: pouca preparação, dificuldades para formar o time,
cansaço da viagem, falta de tempo para a ambientação. A equipe viajou 12 dias até chegar
à Itália e chegou apenas dois dias antes da primeira partida. Desse modo, num clima
adverso, em termos de campo e estilo de jogo, teve que enfrentar um time forte. E mesmo
com todas as dificuldades, o
Correio da Manhã
depositou confiança na equipe que disputou
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Os jogadores foram: o goleiro Pedrosa, campeão carioca pela equipe do Botafogo em 1932 e 1933; zagueiros, Silvio que
atuava no São Paulo e Luiz Luz considerado o melhor zagueiro do Sul; Tinoco, defensor do Vasco há 15 anos, integrou
inúmeras seleções da cidade e algumas nacionais; Martin meio campista do Botafogo, jogou um ano na Argentina, foi campeão
brasileiro em 1931, e herói da jornada dos brasileiros em Montevidéu; Canalli, campeão pelo Botafogo em 1932, e herói
também em Montevidéu; Luizinho, campeão pelo São Paulo em 1931 e paulista em 1932; Waldemar, já com onze anos,
segundo a bibliografia da época, já fazia furor na equipe do Imparcial, jogou em vários times até ingressar no São Paulo, foi
vice-campeão paulista e campeão brasileiro; Armandinho jogador do São Paulo, onde sagrou-se campeão brasileiro; Leônidas
campeão nacional pelo Vasco, também foi herói em Montevidéu no 1932; e Patesko que atuava no Uruguai, companheiro de
time de Domingos, e já no ano de 1929 brilhava como atacante do Paraná Clube; como reservas ainda havia, Germano,
Otacílio, Ariel, Waldir, Atila e Carvalho Leite. In: MAZZONI, Tomás.
História do futebol no Brasil
– 1894-1950. São Paulo:
Olympicus, 1950
,
p. 249.