Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 79

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O prestigioso
O Estado de S.Paulo
, por seu turno, não se posicionou de forma clara
acerca da ação da CBD de convidar os profissionais para integrar a seleção, sob o
argumento de que se tratava de um ato digno, mas pouco sincero:
[...] os surpreendeu o gesto da Confederação Brasileira de Desportes
convidando os clubes de sociedades dissidentes [...] a ceder os elementos
que devem constituir a delegação que irá a Roma [...], desta feita, a
Confederação Brasileira deu provas de tal superioridade que até despertou
suspeitas em algumas rodas. A sua atitude não será um hábil golpe político,
visando as agremiações profissionalistas? [...].
[...]. Nações com boas reservas de esportistas experimentados, como a
Espanha, Itália e a própria Áustria, desde fins do ano passado trataram de
adestrar os seus futebolistas. Ora, o Brasil está em pior situação que essas
nações, pois há uma década que não organiza um quadro para que fosse
realmente o expoente do nosso futebolismo. Porque aquele que foi ao
Uruguai em 1930, de brasileiro só tinha o título, que arbitrariamente lhe
emprestaram alguns mentores caprichosos [...]. (CAMPEONATO MUNDIAL,
1934, p. 6).
A desconfiança de
O Estado de S. Paulo
não era destituída de fundamentos, quando
a Copa do Mundo terminou, a CBD agregou os jogadores profissionais em suas equipes,
com exceção de Luizinho, que retornou ao São Paulo, ao passo que os demais foram para o
Botafogo e foram premiados com uma excursão ao Norte do país em reconhecimento à
fidelidade face à CBD (MAZZONI, 1950, p. 50), prejudicando assim as equipes profissionais.
O jornal ainda insistia na falta de preparo da seleção brasileira, que não teve tempo
suficiente de treino e preparação física, visto que as equipes europeias estavam se
preparando há quase um ano. A seleção que disputou o mundial de 1930 foi formada
apenas por jogadores de clubes do Rio de Janeiro, o que explica a ironia quanto à
representatividade nacional da equipe, ressaltando as disputas regionais em curso, pois a
CBD situava-se no Rio de Janeiro, e para
OESP
a sociedade ideal estava apenas em São
Paulo (CAPELATO; PRADO, 1980, p. 115).
Os periódicos foram unânimes em apresentar o futebol brasileiro como vítima de
politicagens, com predomínio de interesses menores e sem que se desse atenção ao
esporte que levaria o nome do país para o exterior e que atestaria o vigor físico e mental dos
brasileiros.
O jornal
OESP
foi um dos principais defensores da causa paulista, e seus dirigentes,
Júlio de Mesquita Filho, Plínio Barreto e Armando de Sales Oliveira foram importantes
articuladores da Revolução de 1932, contra os ideais tenentistas e de cunho fascistas
defendidos por Lourival Fontes, então chefe da Delegação Brasileira. Assim, os comentários
do jornal devem ser remetidos a esse contexto mais amplo e ao apontar a falta de
preparação do selecionado, os interesses políticos que moviam os dirigentes da CBD, não
deixa de criticar a ordem estabelecida, da qual fazia questão de mostrar-se distanciado. Luís
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